Embraer, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, avalia que o novo tarifaço anunciado pelos Estados Unidos contra o Brasil pode causar um impacto financeiro semelhante ao enfrentado durante a pandemia da covid-19. Na época, a empresa sofreu queda de receita e demissões em massa.
A medida deve elevar o preço de cada avião vendido aos EUA em cerca de R$ 50 milhões. Até 2030, o impacto pode chegar a R$ 20 bilhões em tarifas. Segundo o CEO Francisco Gomes Neto, o aumento nos custos pode gerar cancelamentos de pedidos, adiamento de entregas, revisão no plano de produção, queda na geração de caixa e corte de investimentos.
“Não há como remanejar encomendas dos EUA para outros mercados. Avião não é commodity. O maior mercado de aviação executiva está lá. Não tem como reposicionar isso”, destacou o executivo.
Atualmente, as exportações para clientes americanos representam 45% da produção de jatos comerciais e 70% dos jatos executivos da Embraer. Para o CEO, a tarifa de 50% pode inviabilizar as vendas: “Cinquenta por cento de alíquota é quase um embargo. Para qualquer empresa, é muito difícil manter exportações nesse cenário.”
Negociação ainda é possível
Apesar do impacto, a Embraer acredita em uma solução negociada. A empresa estima que, até 2030, pode gastar cerca de US$ 21 bilhões na compra de equipamentos de empresas norte-americanas, o que pode ser usado como argumento a favor de um acordo.
“Mostramos isso a eles. Existe compreensão, mas esperam avanços nas negociações bilaterais, como vêm buscando com outros países”, afirmou Gomes.
O CEO se diz otimista, citando o recente acordo entre EUA e Reino Unido que restabeleceu a tarifa zero para o setor aeronáutico: “Houve concessões de ambas as partes. Esse exemplo pode servir como base para um acordo com o Brasil também.”
Informações da Agência Brasil