A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu que o debate sobre o fim do uso de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás, integre os compromissos complementares às metas climáticas globais, mesmo sem estar formalmente na pauta de negociações da COP30. Segundo ela, essas ações, chamadas de “adicionalidades”, são essenciais para impulsionar avanços concretos nas decisões internacionais sobre clima.
Marina destacou que é necessário combinar ambição e inovação para ampliar os resultados obtidos na COP28, em Dubai, quando o artigo 28 do Balanço Global (GST) estabeleceu o compromisso de reduzir gradualmente o uso de combustíveis fósseis. Ela lembrou que, pela primeira vez, o mundo reconheceu oficialmente a transição energética como uma meta global, a ser alcançada de forma justa e equilibrada até 2050.
A ministra ressaltou que o tema continua fora das pautas oficiais de negociação, assim como ocorreu nas conferências anteriores, mas que deve ser impulsionado por meio das adicionalidades, que criam novas oportunidades de ação. “Precisamos de esforços que levem em conta as diferentes capacidades, os tempos de transição e as realidades de cada país e população”, afirmou.
Como principal medida, Marina propôs redirecionar os subsídios hoje concedidos aos combustíveis fósseis para o fomento de energias limpas. “Atualmente, esses subsídios variam entre US$ 1,5 trilhão e US$ 7 trilhões, enquanto o apoio às fontes renováveis é muito menor, cerca de US$ 170 bilhões nos países do G20, ou US$ 500 bilhões se incluirmos o investimento privado”, destacou.
Ela citou o compromisso do Brasil de zerar o desmatamento ilegal até 2030 como exemplo de política que poderia inspirar outros países na busca pela redução dos combustíveis fósseis. “Cada nação poderia planejar seu próprio caminho, com base em critérios globais e em suas particularidades, para avançar rumo à eliminação dos fósseis e do desmatamento”, sugeriu.
Marina concluiu que esse será um dos principais desafios a serem enfrentados na COP30, marcada para novembro, em Belém, onde se espera consolidar compromissos mais ambiciosos de transição energética.
Fonte: Agência Brasil