Salvador tem se destacado como um dos principais polos do cinema nacional, tanto pela sua produção local quanto pelo engajamento do público. Apesar disso, o acesso à sétima arte ainda é limitado, especialmente para quem vive fora das áreas centrais da cidade.
Diante desse cenário, a vereadora Aladilce Souza (PCdoB) apresentou o Projeto de Lei 189/2025, que propõe o programa “Cinema Nacional para Todos”. A proposta prevê sessões gratuitas de filmes brasileiros em escolas públicas e espaços culturais não comerciais da capital.
O objetivo é aproximar crianças, jovens e comunidades periféricas do cinema nacional, promovendo o acesso à diversidade cultural e social presente nessas obras. Segundo a justificativa do projeto, Salvador possui uma produção cinematográfica significativa, mas grande parte da população segue afastada do consumo cultural devido à concentração das salas de exibição e às barreiras econômicas.
Filmes como Ó Pai ó e Bacurau são mencionados como exemplos de obras que, além de entreter, estimulam o pensamento crítico sobre a realidade brasileira. Para isso, o projeto sugere que as exibições ocorram em quatro tipos de espaços públicos: escolas, bibliotecas comunitárias, centros culturais e praças.
A curadoria dos filmes ficará a cargo de um comitê consultivo com representantes das secretarias de Educação e Cultura, professores, estudantes e coletivos de cinema independente. A seleção priorizará obras baianas e produções periféricas, com acessibilidade garantida por meio de legendas, audiodescrição e LIBRAS.
Dados da Ancine apontam que apenas 24 dos 417 municípios baianos possuem salas de cinema, o que representa apenas 5,7% do estado. Para a vereadora, o projeto é essencial para a democratização do acesso à cultura e está alinhado à Constituição Federal e à Lei 13.006/2014, que determina a exibição de filmes nacionais em escolas.
Em paralelo, Salvador tem investido no fortalecimento de sua indústria audiovisual. Projetos como o Salcine – Polo de Audiovisual de Salvador visam ampliar estúdios, formar profissionais e construir salas de exibição, com foco em geração de renda e desenvolvimento econômico. Também foi anunciada a criação de um parque cinematográfico no Subúrbio Ferroviário.
No âmbito estadual, a recém-lançada Bahia Filmes pretende investir anualmente no setor, apoiar produções locais e atrair projetos nacionais para o estado.
Com essas iniciativas, Salvador se posiciona como uma protagonista no audiovisual brasileiro. Democratizar o cinema é mais do que ampliar o acesso à cultura: é garantir o direito à representação e ao pensamento crítico.