Com pouco mais de 22 mil habitantes, o município de Olindina, no nordeste baiano, caminha para se tornar mais uma cidade sem agência bancária. O Banco do Brasil já encerrou as atividades na região, e a única unidade restante, do Bradesco, anunciou que também fechará as portas em breve.
Com isso, moradores terão que se deslocar até Itapicuru, a 19 km de distância, para acessar serviços bancários básicos, como sacar aposentadorias ou resolver pendências financeiras.
A alternativa local tem sido os chamados “pontos de saque”, comércios que, de maneira informal, fazem transações financeiras. Mas o sistema é frágil e limitado. “Se você precisa sacar R$ 1 mil e só tem R$ 500 circulando, é preciso esperar alguém pagar alguma conta para liberar o restante”, relata Welinton Pinheiro, morador de Salvador e natural de Olindina.
A lotérica da cidade, que segue operando, não tem estrutura para atender toda a demanda. Mesmo com a orientação para transferir aposentadorias para a Caixa Econômica Federal, a ausência de uma agência da Caixa no município agrava ainda mais a situação.
Esse cenário se repete em vários pontos do interior da Bahia. Entre outubro de 2023 e março deste ano, o Bradesco fechou unidades em 36 municípios baianos. Em pelo menos três deles — Palmeiras, Rodelas e Ipecaetá — era o único banco físico disponível.
Segundo o Sindicato dos Bancários da Bahia, mais de 50 trabalhadores foram demitidos nesse processo de reestruturação. Para o diretor Ronaldo Ornelas, o modelo de digitalização adotado pelos bancos ignora o impacto social dos fechamentos. “Será que ao fechar a única agência de uma cidade, a empresa está cuidando do bem-estar da população?”, questiona.
No Brasil, o fechamento de agências físicas tem acelerado. Somente no último ano, Bradesco, Itaú e Santander encerraram 856 unidades. A tendência é justificada pelos bancos como uma estratégia para cortar custos e investir no atendimento digital. Mas, para quem vive longe dos grandes centros e depende de dinheiro em espécie, o resultado é exclusão financeira e abandono.
Informações do Correio*