Moradores da Rua Gamboa de Cima, no centro de Salvador, seguem enfrentando transtornos após uma intervenção da Neoenergia Coelba que, segundo relatos, foi feita sem o devido cuidado técnico. A substituição de postes na via resultou na realocação desordenada da fiação, que agora está pendurada a uma altura baixa, próxima à calçada, oferecendo risco a pedestres e veículos.
Além do impacto visual e do risco à segurança, o serviço comprometeu o fornecimento de internet em diversos apartamentos e resultou na retirada da iluminação pública, que ainda não foi restabelecida. A situação é especialmente preocupante por se tratar de uma área com alta circulação de pessoas e vulnerabilidades sociais já conhecidas.
Em resposta à denúncia, a Coelba encaminhou imagens à imprensa com o objetivo de mostrar que os fios estariam em conformidade. No entanto, moradores afirmam que as imagens não refletem com precisão a realidade do local. Uma das fotos teria sido enviada com elementos gráficos sobrepostos, prejudicando a visibilidade da fiação. Já a segunda, feita de um ângulo oposto ao problema, teria um caminhão encobrindo justamente o ponto mais crítico.
“É lamentável que uma concessionária de serviços públicos envie uma imagem distorcida com o objetivo de minimizar um problema concreto”, afirma o jornalista Moacy Neves, morador da Gamboa de Cima. Ele questiona a empresa e sugere que seja enviada a foto original, sem alterações visuais que comprometam a transparência.
Em mensagens compartilhada, o morador desabafa:
“As duas fotos apresentadas estão com a visibilidade comprometida. Uma está escurecida na parte dos fios, e a outra foi feita do lado contrário, com um caminhão na frente. Isso não condiz com o que estamos enfrentando aqui.”
A Neoenergia Coelba, por sua vez, afirmou em nota (01/09/2025) que as imagens foram enviadas “conformes à data, horário e geolocalização indicados”, sem comentar sobre os pontos levantados pelos moradores em relação à forma como as fotos foram produzidas.
A situação evidencia a fragilidade na gestão da infraestrutura urbana e reacende um debate sobre o papel da Coelba — enquanto responsável legal pelos postes — na garantia da segurança e na articulação com operadoras de telecomunicações e o poder público.
Casos semelhantes vêm se repetindo em diversos bairros da capital baiana, como Cabula, Pituba, Cajazeiras e Ribeira, revelando um problema estrutural. Moradores alertam para os riscos de choques, quedas de cabos, impacto na arborização e até incêndios causados pela sobrecarga da fiação.
“O mínimo que a empresa deveria ter feito era acionar as operadoras de internet e a Prefeitura, já que houve impacto direto nos serviços essenciais”, completa Moacy. Enquanto não há solução definitiva, os moradores seguem arcando com os prejuízos — e expostos a riscos que poderiam ser evitados com planejamento, diálogo e respeito à comunidade.
Por Márcia Macedo