O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou que, nesta quinta-feira (16), haverá uma reunião entre o Brasil e os Estados Unidos para tratar da taxação adicional imposta a produtos brasileiros exportados para aquele país.
Esse será o primeiro encontro formal entre representantes dos dois países após a videoconferência entre Lula e o presidente Donald Trump, realizada no início deste mês. Lula comentou, nesta quarta (15), que “não pintou química, pintou uma indústria petroquímica”, ao se referir ao tom da conversa. Ele lembrou também, com bom humor, da fala de Trump — sobre uma “química excelente” entre eles — feita numa ocasião em que os dois se encontraram rapidamente durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro.
“Amanhã nós vamos ter a conversa de negociação”, afirmou Lula em evento no Rio de Janeiro. Depois do episódio na ONU e da ligação telefônica entre os dois presidentes, Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para continuar as negociações. Rubio convidou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, para chefiar uma delegação brasileira em Washington.
Vieira chegou a Washington nesta terça-feira (14) para cumprir a agenda prevista. Em entrevista recente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil apresentará os melhores argumentos econômicos aos Estados Unidos, com o objetivo de reverter o “tarifaço”. Segundo Haddad, uma das teses centrais é que a medida “está encarecendo a vida do povo estadunidense”.
Haddad também ressaltou que os EUA já têm superávit comercial em relação ao Brasil e inúmeras oportunidades de investimento no país, especialmente nos setores de tecnologias limpas, terra rara, minerais críticos, energia solar e eólica.
Sobre o “tarifaço”
A taxação extra imposta pelos EUA ao Brasil faz parte da nova política comercial adotada pela Casa Branca, sob o governo Trump, que busca elevar tarifas contra parceiros comerciais — em especial, para responder à perda de competitividade americana frente à China.
Em 2 de abril, Trump impôs barreiras alfandegárias a países de acordo com o déficit que os EUA têm com eles. Apesar de os EUA terem superávit com o Brasil, foi aplicada ao país a tarifa mais baixa, de 10%. Posteriormente, em 6 de agosto, entrou em vigor uma tarifa adicional de 40%, em retaliação a decisões que, segundo o governo norte-americano, prejudicariam empresas de tecnologia estadunidenses — e como resposta a julgamentos contra Jair Bolsonaro, condenado por liderar tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Entre os produtos afetados pelas tarifas estão café, frutas e carnes. Cerca de 700 itens (equivalentes a 45% das exportações brasileiras para os EUA) ficaram de fora da taxação, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis (incluindo motores, peças e componentes). Em seguida, outros produtos também foram liberados dessas tarifas adicionais.
Fonte: Agência Brasil