Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Oxitec Brasil inaugurou uma nova fábrica em Campinas (SP) com capacidade para fornecer até 190 milhões de ovos de mosquitos com Wolbachia por semana — o suficiente para proteger cerca de 100 milhões de pessoas por ano. A instalação também fabricará os produtos da linha Aedes do Bem, que podem reduzir em até 95% as populações do mosquito Aedes aegypti em áreas urbanas.
A operação da unidade surge como resposta ao apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para acelerar o acesso a tecnologias inovadoras de controle de vetores. O início das atividades marca um passo decisivo na luta contra a dengue, especialmente em um momento em que os casos da doença atingem níveis recordes na América Latina e na Ásia-Pacífico.
A fábrica aguarda aprovação da Anvisa para começar a fornecer mosquitos portadores de Wolbachia ao governo federal, a tempo da temporada de maior incidência do mosquito no país. A construção e a gestão do complexo não contaram com financiamento público.
As duas tecnologias desenvolvidas pela empresa — Wolbachia e Aedes do Bem — funcionam com a liberação de mosquitos em ambientes urbanos, mas têm propósitos distintos. O método Wolbachia, voltado a grandes campanhas de saúde pública, introduz uma bactéria que impede o mosquito de transmitir vírus como dengue, zika e chikungunya. Já o Aedes do Bem libera machos modificados que, ao cruzarem com fêmeas selvagens, geram descendentes machos e eliminam as fêmeas ainda na fase larval, reduzindo a população do inseto.
As duas abordagens não podem ser utilizadas simultaneamente. De acordo com a diretora-executiva da Oxitec Brasil, Natalia Verza Ferreira, o protocolo ideal é aplicar primeiro o Aedes do Bem para suprimir a população e, em seguida, introduzir a Wolbachia para impedir a transmissão dos vírus.
A Wolbachia já demonstrou reduzir a transmissão da dengue em mais de 75% em áreas urbanas e foi reconhecida pela OMS, além de incorporada pelo Ministério da Saúde ao Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD).
Natalia destacou que ambas as tecnologias foram disponibilizadas ao governo federal como ferramentas de prevenção em larga escala. “Com o novo complexo da Oxitec, estamos prontos para responder aos planos de expansão da Wolbachia do Ministério da Saúde e garantir que essa proteção chegue rapidamente às comunidades”, afirmou.
O secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente, Fabiano Pimenta, reforçou que a Anvisa está em processo de regulamentação da tecnologia até 2027. “O Ministério da Saúde tem todo o interesse em viabilizar o uso dessas