Se você bebe água diretamente da torneira, pode ficar tranquilo. De acordo com a Embasa, o líquido que chega à casa do consumidor é próprio para o consumo humano e não deve ser motivo de preocupação para os baianos. Ainda segundo a instituição, inúmeros testes são realizados para garantir que o líquido possa ser ingerido sem riscos.
Durante o trajeto até a torneira, a água passa por diversas etapas até se tornar potável. A Embasa faz avaliações em diferentes fases desse processo e garante que as análises atestam a ausência de riscos à saúde do consumidor, sem que seja necessário nenhum tratamento adicional — como a fervura antes de bebê-la. Prova disso é que, somente no ano passado, a instituição realizou cerca de 106,7 mil análises em amostras coletadas em mais de 20 mil pontos de coleta ativos e distribuídos em locais estratégicos da Bahia.
Nessas ocasiões, são analisados indicadores como cor, pH, turbidez, aspectos bacteriológicos e cloro residual livre — itens verificados a cada duas horas por uma equipe técnica. Para manter os padrões rigorosos definidos pelo Ministério da Saúde e assegurar a conformidade da água com os critérios vigentes, é realizada uma sequência de ações que se inicia na captação da água bruta (em barragens, nascentes ou rios) e segue por todas as etapas de tratamento na estação, até a distribuição final.
A água também passa por diversos processos físico-químicos, como coagulação, floculação, decantação e filtração. Caso seja identificada alguma alteração, são realizadas análises complementares para correção. “Se houver, por exemplo, uma mudança na cor da água, verificações adicionais são feitas, e os resultados são encaminhados para a área operacional, que tomará as providências necessárias para a adequação”, explica Tarciana Leonídio, gerente de Controle da Qualidade da Água e Efluentes da Embasa.
A Embasa conta com uma equipe de 192 profissionais distribuídos em 14 laboratórios de controle de qualidade — um localizado em Salvador e os demais espalhados pelo interior do estado —, totalizando 48 salas de ensaio. “Esse trabalho, muitas vezes invisível, demonstra nosso compromisso em oferecer um serviço com qualidade e eficiência, conduzido por uma equipe altamente capacitada e em constante busca por inovação no setor”, declarou o presidente da Embasa, Gildeone Almeida.
Medo do desconhecido
A dona de casa Luana Silva afirma que, durante a infância e juventude, não havia preocupação em consumir água filtrada. Ela e toda a família costumavam beber água diretamente da torneira e nunca enfrentaram problemas. Com o tempo, passaram a utilizar filtro de barro como medida preventiva. No entanto, foi só após se tornar mãe que Luana passou a se preocupar mais, principalmente por não conhecer os possíveis riscos que a água da torneira poderia oferecer ao bebê. Foi então que adotou o uso permanente do filtro. “Por ser adulta, não me preocupo tanto com isso, mas a história é diferente quando se trata de crianças”, comentou.
O alerta deve ser maior quando a água não é proveniente da rede pública. Nesses casos, de acordo com o nutricionista Lucas Almeida, é recomendado adotar medidas de higiene e tratamento da água antes do consumo. “Atitudes como filtrar, ferver, usar hipoclorito de sódio para desinfecção e manter os recipientes de armazenamento sempre limpos são fundamentais. Cuidados como a fervura eliminam microrganismos que podem causar doenças”, explicou o especialista.
Segundo ele, o consumo de água não potável pode ocasionar diversas enfermidades, devido à presença de bactérias, vírus, vermes e parasitas, como hepatite, amebíase, E. coli, diarreia e enjoos. Em casos mais graves, pode até provocar confusão mental. Por isso, é essencial certificar-se sempre da potabilidade da água — ou seja, conhecer a sua origem e qualidade antes de consumi-la.
A população também deve estar atenta a sinais de que a água pode estar imprópria para o consumo, como mudanças no sabor. De acordo com o Ministério da Saúde, para ser considerada potável, a água precisa ser límpida (transparente), incolor (sem cor), inodora (sem cheiro) e insípida (sem gosto), além de estar livre de substâncias em concentrações que possam causar danos à saúde. Ela deve obedecer a padrões microbiológicos, físicos, químicos e radioativos, sendo finalizada com a adição de cloro e flúor, que garantem sua potabilidade. Caso identifique alguma inadequação, é preciso suspender o consumo e recorrer à empresa, por meio dos canais de denúncia: Atendimento Virtual: https://atendimentovirtual.embasa.ba.gov.br/; no Teleatendimento: 0800 0555 195 e nos Postos de Atendimento SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor). Importante também verificar as condições de higiene do tanque, fazendo a limpeza constante.
Risco oculto
Embora nem o nutricionista nem a Embasa tenham apontado riscos reais no uso da água fornecida diretamente pela rede pública, há casos isolados que podem comprometer a qualidade da água. Por isso, é necessário que a sociedade permaneça vigilante a questões ambientais, como a poluição, que pode contaminar fontes de água com substâncias nocivas à saúde e ao meio ambiente.
Um exemplo preocupante é a denúncia de que um lixão ameaça contaminar um aquífero que abastece Salvador e a Região Metropolitana (RMS). Na cidade de Simões Filho, a poucos quilômetros da capital baiana, foi instalado um aterro sanitário sobre o Aquífero São Sebastião — uma das maiores reservas de água potável da Bahia. Segundo denúncias, não foi realizado o estudo de impacto ambiental obrigatório, e pareceres técnicos de órgãos competentes foram ignorados. O solo da área é instável, com risco de infiltração direta do chorume no lençol freático, o que poderia contaminar todo o aquífero.
O Aquífero São Sebastião abastece milhões de pessoas em Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari e outras cidades da Região Metropolitana. Trata-se, portanto, de um risco real de colapso hídrico e sanitário. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF).
Embasa
A Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa) é uma sociedade de economia mista, de capital autorizado, e pessoa jurídica de direito privado, tendo como acionista majoritário o Governo do Estado da Bahia. Nos municípios onde atua, é responsável pela prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, incluindo captação, tratamento e distribuição de água, bem como coleta, transporte, tratamento e destinação adequada dos esgotos domésticos.
Por Márcia Macedo