Apesar da recente desaceleração da inflação, o Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, elevando-a para 15% ao ano. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), tomada por unanimidade, surpreendeu parte do mercado, que esperava a manutenção em 14,75%.
Em comunicado, o Copom indicou que a taxa deve ser mantida nos próximos encontros, mas não descartou novas elevações caso a inflação volte a subir. O comitê declarou que seguirá vigilante e poderá retomar os ajustes se considerar necessário para garantir a convergência da inflação à meta.
Essa foi a sétima alta consecutiva da Selic, que agora atinge o maior nível desde 2006. O ciclo de aumento iniciado em um cenário de inflação persistente deve ser interrompido, mas seus efeitos ainda estão sendo avaliados pela autoridade monetária.
Inflação acima da meta
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A inflação acumulada em 12 meses permanece acima do teto da meta contínua de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional.
No modelo atual, a meta é de 3% ao ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. A verificação da meta passou a ser feita mês a mês, considerando a inflação acumulada nos 12 meses anteriores.
As projeções oficiais do BC apontam IPCA de 4,9% para o fim de 2025 e 3,6% para 2026. Já o mercado financeiro, segundo o boletim Focus, prevê inflação de 5,25% para este ano, superando o teto da meta.
Impactos no crédito e no crescimento
A elevação da Selic tende a conter a inflação ao encarecer o crédito e desestimular o consumo e a produção. Em contrapartida, juros mais altos também dificultam a expansão da atividade econômica. O Banco Central reduziu sua projeção de crescimento do PIB para 1,9% em 2025. Analistas do mercado, porém, estimam uma alta de 2,2%.
A Selic influencia diretamente outras taxas da economia e é referência nas negociações de títulos públicos. Quando reduzida, tende a estimular o crédito e o consumo, mas exige cautela para que a inflação não volte a subir.
Informações da Agência Brasil