O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, interrompendo o ciclo de altas que vinha sendo adotado para conter a inflação. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime e reflete uma combinação de fatores: a desaceleração da economia, o recuo parcial da inflação e o aumento das incertezas no cenário internacional.
Em comunicado oficial, o Copom destacou que acompanha com atenção os impactos da política comercial dos Estados Unidos, especialmente diante de tarifas recentemente impostas ao Brasil, o que reforça a necessidade de cautela na condução da política monetária. Segundo o comitê, a possibilidade de novas altas na Selic não está descartada, caso o cenário inflacionário volte a se deteriorar.
Atualmente, a taxa Selic está no maior patamar desde 2006. O ciclo de aperto monetário, iniciado no ano anterior, resultou em sete aumentos consecutivos dos juros.
Inflação segue acima da meta
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para conter a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Apesar da desaceleração recente, a inflação acumulada em 12 meses ainda ultrapassa o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 3% ao ano, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.
Segundo o novo modelo de metas contínuas adotado pelo BC, a meta inflacionária é avaliada mês a mês, considerando a inflação acumulada nos 12 meses anteriores. Isso significa que o controle dos preços passa a ser acompanhado de forma mais dinâmica, e não apenas ao fim de cada ano.
Impactos no crédito e no crescimento
Manter os juros em um nível elevado ajuda a conter a inflação, já que encarece o crédito e desestimula o consumo. Por outro lado, essa medida pode desacelerar o crescimento econômico.
Apesar disso, o Banco Central projeta um crescimento de 2,1% do PIB em 2025. O mercado financeiro é um pouco mais otimista, com previsão de expansão de 2,23%, segundo dados do boletim Focus.
A Selic serve de referência para todas as demais taxas de juros da economia, influenciando diretamente empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Portanto, qualquer alteração tem efeito direto no bolso da população e na atividade econômica como um todo.
Informações da Agência Brasil