As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros começam a valer hoje (6). No entanto, o decreto assinado pelo presidente americano Donald Trump trouxe uma lista extensa de exceções, reduzindo o impacto para alguns setores estratégicos da economia brasileira.
Entre os produtos que ficaram de fora da nova taxação estão petróleo, laranja e aviões — áreas que estavam entre as mais preocupadas com a medida. Ao todo, 694 itens foram isentos, incluindo minerais, metais básicos, produtos energéticos, fertilizantes, papel e celulose, além de alguns insumos químicos e bens destinados à aviação civil.
Apesar das exceções, diversos setores agroexportadores seguem sob risco. Itens como carne, frutas (como manga e abacaxi), café, mel e produtos cerâmicos — como o porcelanato — não foram poupados. A ausência desses produtos na lista de isentos acende um alerta, especialmente porque muitos deles têm os Estados Unidos como destino principal de exportação.
Segundo o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral, os prejuízos podem ser significativos em áreas com alta concorrência internacional, em entrevista para o veículo NSC total. “Nesses casos, o Brasil não consegue repassar o custo da tarifa ao preço final, o que pode significar perda de mercado”, afirma.
Já o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, reconheceu que o cenário não é o pior possível, mas destacou que os impactos continuam relevantes. “Ainda assim, atingem setores importantes da economia brasileira”. O governo prepara um plano de contingência para apoiar os segmentos mais atingidos pelas tarifas.
Nos bastidores, o governo americano chegou a cogitar isentar as taxas dos produtos agrícolas que não são cultivados nos EUA, como o café e o cacau. A proposta foi defendida por Howard Lutnick, secretário de Comércio, mas ainda não se concretizou em decreto.
Setores mais afetados pela tarifa de 50%:
• Carnes (bovina e de frango)
• Frutas tropicais (manga, abacaxi, maracujá)
• Café
• Mel
• Produtos cerâmicos, como o porcelanato
• Cacau e derivados
• Produtos brasileiros isentos da tarifa:
• Petróleo
• Polpa e suco de laranja
• Aeronaves, peças, motores e pneus
• Minério de ferro e de estanho
• Gases naturais e derivados (propano, butano, etileno, etc.)
• Alumínio, silício e potassa cáustica
• Mica, carvão e outros minerais
Mesmo com as isenções, o impacto da medida afeta a imagem do Brasil como parceiro comercial dos EUA e pode repercutir politicamente, segundo analistas. Para Barral, em entrevista à revista Veja, “muitos setores serão afetados, mas Lula pode acabar se beneficiando politicamente com a situação”.
Alguns produtos brasileiros podem ficar mais baratos nos EUA
Enquanto parte significativa da pauta exportadora brasileira será impactada negativamente pela tarifa de 50%, a exclusão de 694 produtos da medida pode beneficiar outros setores — que ganham fôlego para competir no mercado americano.
Produtos como petróleo, suco de laranja, peças de avião, alumínio, papel e fertilizantes ficaram fora da nova tarifação. Isso significa que, ao contrário dos itens sobretaxados, esses produtos podem ficar mais baratos para o consumidor e para a indústria nos Estados Unidos, já que não terão a elevação de custos causada pela tarifa.
Na prática, a isenção representa uma vantagem competitiva temporária para o Brasil nesses segmentos, que ganham terreno frente a concorrentes de outros países que talvez enfrentem barreiras tarifárias semelhantes.
O caso do suco de laranja e do petróleo é especialmente relevante: ambos são exportações estratégicas brasileiras e, com a manutenção das tarifas atuais (sem aumento), tendem a manter ou até ampliar sua participação no mercado norte-americano.
Além disso, os insumos industriais isentos — como alumínio bruto, silício e gás butano — podem continuar sendo comprados por empresas dos EUA a preços competitivos, fortalecendo relações comerciais com indústrias que dependem desses materiais.
Por Milena Rocha
Com informações do NSC total.