Após anos de dedicação aos estudos, advogados recém-formados em Salvador se deparam com um mercado de trabalho marcado por baixos salários e falta de regulamentação. Dados de plataformas de emprego apontam que a média salarial para profissionais com até um ano de experiência é de cerca de R$ 3 mil. Na prática, muitos recebem valores próximos a um salário-mínimo ou até menos, com ofertas chegando a R$ 1,2 mil para recém-formados.
Em vagas divulgadas em redes sociais e plataformas profissionais, os salários variam conforme requisitos, carga horária e porte do escritório. Uma vaga para trainee, por exemplo, oferecia R$ 1,2 mil com jornada de seis horas diárias, enquanto outra, para advogado júnior, propunha R$ 1,7 mil. Remunerações mais altas, como R$ 2 mil, frequentemente consideram pós-graduação como diferencial.
O advogado Vitor Guimarães, de 30 anos, formado há dois anos e atuando na área de Direito Bancário, relata que trabalhou com salários de cerca de R$ 2 mil antes de conseguir um valor maior. “A gente acaba não tendo muito poder de escolha no início, porque está recém-formado e sem muitas oportunidades”, diz. Ele acredita que uma remuneração justa para quem ingressa no mercado seria de R$ 4,5 mil, considerando a dedicação e o tempo investidos na formação.
A baixa atratividade salarial também levou advogados como Maria Clara Teles, de 28 anos, a buscar oportunidades fora da Bahia. Trabalhando na área de compliance em São Paulo, ela lembra que chegava a ganhar mais do que advogados juniores de Salvador. “É injusto que profissionais recebam um salário-mínimo sem benefícios, após anos de dedicação na graduação e para aprovação na OAB”, lamenta.
Na Bahia, ainda não existe um piso salarial oficial para advogados. Desde 2015, a OAB-BA vem pleiteando a aprovação de um piso de R$ 3,5 mil, com reajuste anual baseado no INPC. O anteprojeto foi enviado ao governo estadual e à Assembleia Legislativa, mas ainda não foi implementado. “Enquanto o projeto não avança, escritórios podem pagar abaixo da sugestão sem sofrer sanções”, explica Hermes Hilariã, vice-presidente da OAB-BA.
Informações do Correio*