O mundo está cada vez mais próximo do chamado “ponto de não retorno” da crise climática. O alerta é do geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Wagner Ribeiro, que analisou um novo relatório científico da Universidade de Leeds, no Reino Unido, indicando que os compromissos atuais dos países para a redução de gases de efeito estufa são insuficientes diante da emergência climática.
Segundo Ribeiro, apenas 25 países apresentaram suas contribuições nacionalmente determinadas (NDCs), e, entre eles, apenas o Reino Unido apresentou metas compatíveis com os níveis de redução necessários. “Isso se deve ao fato de o país ser um arquipélago diretamente ameaçado pela elevação do nível do mar. Quando a situação se torna mais crítica, a resposta política aparece. Mas ainda é pouco”, avalia.
O professor destaca que os impactos antes projetados para meados do século XXI já estão se antecipando. “Não se trata de um relatório alarmista, mas realista. São dados científicos respaldados por inteligência artificial, modelagens matemáticas e indicadores ambientais que apontam com precisão os riscos que estamos enfrentando”, afirma. Segundo ele, eventos extremos como secas prolongadas, alagamentos e ondas de calor são uma confirmação prática dessas previsões.
COP30: uma oportunidade decisiva para ação climática
Diante do agravamento da crise, Ribeiro ressalta a importância da mobilização popular e da atuação dos governos rumo a uma transição ambiental justa. A preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada no Brasil, é apontada como um momento estratégico.
“A litigância climática, liderada por jovens, é um movimento que precisa ganhar mais visibilidade. Temos pouco tempo para agir”, enfatiza. Para ele, o Brasil, como país anfitrião da conferência, deve assumir um papel de liderança na construção de acordos mais ambiciosos.
“Se não houver um pacto mais consistente, as consequências serão cada vez mais intensas: perda da biodiversidade, acidificação dos oceanos, elevação do nível do mar e desequilíbrios que afetam a segurança alimentar e a vida em todo o planeta”, alerta o geógrafo.
Informações do Brasil