A indústria automobilística brasileira fechou o primeiro semestre de 2025 com crescimento de 7,8% na produção de veículos, totalizando 1,226 milhão de unidades fabricadas. Os dados foram divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que destaca o desempenho como positivo, mas alerta para um segundo semestre desafiador.
As vendas também apresentaram alta: foram 1,199 milhão de veículos comercializados no país, um aumento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. No mercado externo, as exportações cresceram expressivos 59,8%, com 264,1 mil unidades embarcadas — 60% delas destinadas à Argentina, que se mantém como o principal destino dos veículos brasileiros.
Segundo a Anfavea, a forte dependência do mercado argentino preocupa, já que as vendas para outros países seguem em patamares modestos. Ao mesmo tempo, as importações cresceram 15,6% no semestre, chegando a 228,5 mil unidades.
O presidente da entidade, Igor Calvet, chamou atenção para o avanço das importações de veículos chineses com baixo Imposto de Importação. Ele criticou propostas que reduzem a alíquota para a entrada de veículos semi-desmontados (SKD), o que, segundo ele, ameaça o projeto de neoindustrialização e a geração de empregos no país.
“Estamos vendo um fluxo perigoso de veículos que não agregam valor nacional e praticamente não geram empregos. Isso impacta diretamente a sustentabilidade da indústria automotiva brasileira”, afirmou Calvet.
Queda em junho acende alerta
Apesar dos bons números no acumulado semestral, os dados de junho mostram uma desaceleração no setor. A produção no mês foi de 200,8 mil unidades, representando queda de 6,5% em relação a maio e de 4,9% em comparação com junho do ano passado.
As vendas também recuaram: 212,9 mil unidades em junho, 5,7% a menos do que em maio e 0,6% abaixo do mesmo mês de 2024. Já as exportações somaram 50,7 mil unidades, leve queda de 1,7% em relação ao mês anterior, embora tenham avançado 75% na comparação com junho de 2024.
Além da retração nos números, o setor registrou a perda de mais de 600 empregos diretos nos últimos meses, o que reforça o cenário de incertezas para o restante do ano.
Resumo: Apesar do crescimento no semestre, o setor automotivo enfrenta sinais de alerta com a queda nos indicadores de junho, o aumento das importações e a instabilidade no mercado externo. A Anfavea cobra medidas de proteção à indústria nacional e à geração de empregos.
Informações da Agência Brasil