O Dia do Trabalhador, celebrado ontem (1º), foi marcado por manifestações em várias cidades do país contra a escala 6×1 — regime que impõe seis dias consecutivos de trabalho, para apenas um de descanso. Organizados por movimentos populares, partidos políticos e pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), os atos ocorreram paralelamente às mobilizações das centrais sindicais, que também defenderam a redução da jornada semanal de 44 horas.
O tema da escala 6×1 ganhou impulso no ano passado, a partir de forte mobilização nas redes sociais, capitaneada principalmente pelo VAT, gerando amplo debate na sociedade e nos meios de comunicação. Há cerca de dois meses, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que acaba com a escala e reduz a jornada semanal de 44 para 36 horas, foi protocolada na Câmara dos Deputados. O texto é de autoria da deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), mas, desde então, a tramitação não avançou.
Em Brasília, organizações distribuíram panfletos na entrada da estação central do metrô, na Rodoviária do Plano Piloto, o maior terminal intermodal de transporte público do Distrito Federal e da região Centro-Oeste.
Para Gabriel Land, militante do PCBR, o fim da escala beneficiaria os trabalhadores mais precarizados.
“Por outro lado, também existe uma série de movimentações que tentam jogar para o ano que vem, jogar como pauta eleitoral. Na nossa visão, é plenamente possível, ainda esse ano, botar pressão no Hugo Motta [presidente da Câmara dos Deputados] para encaminhar a PEC à CCJ [Comissão de Constituição e Justiça], fazer isso ser aprovado na Câmara e terminar o ano com a proposta encaminhada ao Senado”, analisa.
“A redução da jornada de trabalho sempre foi uma pauta histórica dos trabalhadores e, nesse último período, com a luta pelo fim da escala 6×1, ela voltou à tona e acho que a gente ganhou força, incluindo greves em redes de supermercado, em fábricas. Agora é preciso continuar mobilizando. Essa escala é muito desumana”, defende Giulia Tadini, presidente do PSOL no DF.
“A população negra e as mulheres são os grupos mais penalizados por conta dessa escala 6×1, que acaba, na prática, sendo 7×0, porque ainda tem o trabalho doméstico para dar conta”, reforça Sara Lins, militante da Unidade Popular (UP) e integrante do Movimento de Mulheres Olga Benário.
Informações da Agência Brasil