Um levantamento realizado por infectologistas, epidemiologistas e pneumologistas de diferentes regiões do Brasil revelou os impactos do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em pessoas com 60 anos ou mais hospitalizadas por pneumonia. A análise incluiu pacientes da rede pública e privada de saúde e destacou a gravidade dos quadros quando associados a comorbidades.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o VSR é transmitido de forma semelhante à gripe e à covid-19, por meio de gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou por contato com superfícies contaminadas.
Entre os 3.348 pacientes analisados, doenças cardiovasculares (64,2%), diabetes (32%) e doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC (24,5%) – foram as comorbidades mais presentes nos casos graves. Indivíduos com essas condições apresentaram maiores taxas de admissão em UTI (34,8%), internações mais longas (média de 13 dias) e um índice de mortalidade elevado (26,9%).
Estima-se que o VSR atinja 64 milhões de pessoas anualmente no mundo. No Brasil, especialistas alertam para a subnotificação dos casos em idosos e a baixa cobertura vacinal. Diante desse cenário, a SBI lançou a campanha “Protegido você vai longe”, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre os riscos do VSR em pessoas acima de 60 anos e a importância da vacinação.
A iniciativa também busca diferenciar a manifestação do vírus em crianças — geralmente associada à bronquiolite — das consequências mais graves para o público idoso, como o desenvolvimento de pneumonia.
Segundo o infectologista Clovis Arns da Cunha, a ausência de testes para VSR em muitas internações da rede pública contribui para o subdiagnóstico, especialmente entre idosos com comorbidades, que acabam sendo tratados como casos genéricos de gripe ou pneumonia.
O cenário atual reforça a preocupação: dados do Boletim InfoGripe da Fiocruz indicam que o VSR foi responsável por 45% dos diagnósticos positivos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no primeiro semestre deste ano — mais que o dobro de vírus como Rinovírus e Influenza A.
“Estamos diante de um aumento expressivo de internações por VSR, o que torna urgente a inclusão da vacinação contra o vírus no cuidado com a população idosa, assim como já ocorre com a gripe”, alerta a consultora da SBI, Rosana Richtmann.
Informações da Agência Brasil