Pesquisas recentes apontam que extremos climáticos — tanto de calor quanto de frio — estão afetando duramente bebês e crianças pequenas, aumentando os riscos de saúde e morte precoce. Dois estudos divulgados neste mês trazem evidências preocupantes sobre os efeitos dessas variações climáticas nas faixas etárias mais vulneráveis: de 0 a 6 anos.
Um dos levantamentos, feito pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com o Datafolha, entrevistou 2.206 pessoas, entre as quais 822 responsáveis por crianças, em abril de 2025. Mais de 80% dos entrevistados manifestaram temor em relação aos efeitos das mudanças climáticas sobre bebês e crianças pequenas. A principal preocupação está relacionada à saúde — especialmente às doenças respiratórias (71% dos entrevistados). Outros medos citados incluem o aumento dos desastres naturais (39%) e a dificuldade de acesso a água limpa e alimentos (32%).
O segundo estudo analisou dados do Sistema Único de Saúde (SIM) e informações meteorológicas ao longo de 20 anos, envolvendo mais de um milhão de mortes de crianças com menos de cinco anos. Os resultados mostram que recém-nascidos (entre 7 e 27 dias de vida) enfrentam risco 364% maior de mortalidade em condições de frio extremo, em comparação aos dias com temperatura amena. Para crianças entre 1 e 4 anos, o calor extremo eleva o risco de morte em cerca de 85%. De modo geral, o risco de mortalidade em menores de cinco anos chega a ser 95% maior em frio extremo e 29% maior em calor extremo do que em dias de clima estável (temperaturas de aproximadamente 14 a 21 °C).
Essas pesquisas reforçam a urgência de políticas públicas que considerem a vulnerabilidade infantil nas estratégias de adaptação climática. Medidas como melhorar o acesso à água potável, garantir segurança alimentar, fortalecer a atenção primária à saúde, além de alertas e preparação para extremos de temperatura, são apontadas como essenciais para proteger essa parcela da população.
Fonte: Agência Brasil