Pelo menos 222 pessoas sofreram complicações oculares, após se submeterem a procedimentos cirúrgicos em mutirões oftalmológicos realizados no Brasil nos últimos anos. Desse total, cerca de 20% perderam a visão em um ou ambos os olhos. Os dados são do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Segundo a entidade, o levantamento foi feito a partir de relatos de eventos adversos, publicados pela imprensa e aponta falhas graves na segurança desses atendimentos. “Revela a gravidade do desrespeito aos critérios mínimos de segurança necessários para que atividades desse tipo sejam realizadas”, destacou o CBO.
Em um caso recente, mais de 30 pacientes atendidos em um mutirão em Campina Grande (PB) apresentaram infecção ocular após aplicação de medicamentos intraoculares. “Eles estão sendo tratados com cirurgias, mas há alto risco de perda visual”, informou o conselho.
Falhas se repetem em vários estados
Casos semelhantes foram registrados em diferentes regiões do país:
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Em Rondônia, um mutirão que realizou 140 cirurgias gerou 40 casos de infecção.
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No Amapá, mais de 70% dos pacientes atendidos em uma ação semelhante apresentaram complicações.
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Em Belém (PA), 22 de 40 pessoas submetidas a cirurgias tiveram problemas.
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Em Parelhas (RN), 15 de 48 pacientes foram contaminados por falhas de higienização dos equipamentos.
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Em Taquaritinga (SP), mais da metade dos pacientes atendidos perdeu a visão, o que levou à abertura de investigação pelo Ministério Público.
Conselho cobra mais rigor na segurança
O CBO alerta que os mutirões devem seguir protocolos sanitários rigorosos desde o planejamento até o acompanhamento pós-operatório. Reforça também que os procedimentos devem ser realizados apenas por profissionais com Registro de Qualificação de Especialista (RQE) em oftalmologia, em locais com histórico comprovado de segurança.
Além disso, é essencial o acompanhamento dos pacientes por, no mínimo, 30 dias após a cirurgia, com notificação imediata à vigilância sanitária em caso de complicações.
O CBO destaca ainda o papel das vigilâncias municipais e estaduais no monitoramento dessas ações, para garantir que todas as exigências técnicas sejam cumpridas e que os pacientes não sejam expostos aos riscos evitáveis.
Informações da Agência Brasil