Uma operação deflagrada nesta quinta-feira (16) em cinco estados brasileiros fiscaliza 24 empresas atuantes no setor sucroalcooleiro com o objetivo de rastrear o uso de metanol em bebidas alcoólicas. A ação, denominada Operação Alquimia, reúne uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Receita Federal, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Além dessas empresas, também estão sob investigação importadores e distribuidores de metanol nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A operação é um desdobramento das iniciativas Boyle, que apurou adulterações de combustíveis com metanol, e Carbono Oculto, que revelou esquema de compra de metanol importado por empresas regulares para repasse a firmas de fachada.
Segundo a Receita Federal, há fortes indícios de que o metanol adulterado esteja sendo usado clandestinamente na fabricação de bebidas, o que representa grave risco à saúde pública.
A Polícia Federal informou que vai coletar e analisar amostras dos produtos fabricados nas unidades investigadas, buscando comprovar a legalidade ou não de suas composições químicas. “Todo resultado servirá de subsídio para a instrução de investigações … a respeito dos eventos de desvio e contaminação de bebidas alcoólicas por metanol, desde o início de setembro deste ano”, declarou o órgão.
De acordo com a Receita, as empresas selecinadas para coleta foram escolhidas por seu potencial envolvimento na cadeia do metanol — desde a importação até sua possível destinação irregular. Entre os alvos estão importadores, terminais marítimos, empresas químicas, destilarias e usinas.
No total, 80 policiais e 70 servidores de outros órgãos estão participando da operação, que abrange cidades dos estados investigados — como Várzea Grande (MT), Caarapó, Campo Grande e Dourados (MS), Araucária, Colombo e Paranaguá (PR), Cocal do Sul (SC) e várias em São Paulo (como Araçariguama, Arujá, Avaré, Cerqueira César, Cotia, Guarulhos, Jandira, Laranjal Paulista, Limeira, Morro Agudo, Palmital, Sumaré e Suzano).
Riscos do metanol e impacto econômico
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em bebidas alcoólicas o teor de metanol deve ser inferior a 0,1%, uma vez que a substância é altamente tóxica. Mesmo o limite máximo permitido em combustíveis (0,5%) pode causar danos graves à saúde. Por isso, é proibido o uso de combustíveis na fabricação de bebidas alcoólicas.
O Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) estima que os prejuízos ao setor de bebidas e a evasão fiscal provocados por adulteração, falsificação e contrabando chegam a R$ 85,2 bilhões.
Fonte: Agência Brasil