A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que diversos países demonstraram interesse em contribuir financeiramente para a reconstrução de Gaza, devastada por dois anos de conflito. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o custo estimado para recuperar a região chega a US$ 70 bilhões, e já há promessas informais de apoio de Estados Unidos, Canadá, países europeus e nações árabes.
De acordo com o representante do PNUD, Jaco Cilliers, há “indicações muito positivas” de que parte significativa desse valor poderá ser arrecadada. Ele destacou, no entanto, que ainda não há compromissos formais nem detalhes sobre como o financiamento será distribuído.
Os números da destruição impressionam. A guerra provocou a morte de mais de 67 mil pessoas e deixou cerca de 80% das edificações de Gaza danificadas ou destruídas — o equivalente a 13 vezes o volume da Grande Pirâmide de Gizé, no Egito. O PNUD calcula que já foram removidas mais de 81 mil toneladas de entulho, e imagens de satélite indicam que mais de 102 mil prédios foram totalmente arrasados.
Com o cessar-fogo parcial, milhares de palestinos têm retornado aos escombros de suas antigas casas, mesmo sem infraestrutura mínima. A ONU estima que 1,9 milhão de pessoas — cerca de 90% da população do enclave — foram deslocadas desde o início da guerra. Apenas 14 dos 36 hospitais continuam funcionando, e de forma precária.
O impacto humanitário é profundo. Segundo dados do Escritório Central de Estatísticas da Palestina, 40 mil crianças perderam um ou ambos os pais. O UNICEF relata ainda que entre 3 mil e 4 mil menores sofreram amputações, e mais de 650 mil alunos estão sem aulas, pois muitas escolas foram destruídas ou transformadas em abrigos.
Para a ONU, a reconstrução de Gaza exigirá não apenas recursos financeiros, mas também coordenação política e humanitária em larga escala. O PNUD afirma que o desafio será restaurar serviços básicos, infraestrutura e moradias em meio à crise social e ao bloqueio que ainda limita a entrada de materiais no território.
Fonte: Veja