Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que uma em cada seis pessoas no mundo sofre com a solidão, condição que já está associada a cerca de 100 mortes por hora. Segundo a organização, os impactos vão muito além do bem-estar emocional e atingem diretamente a saúde física, mental e a coesão social.
A OMS define conexão social como as formas de relacionamento e interação entre as pessoas. Já a solidão é um sentimento doloroso que surge da distância entre as conexões sociais desejadas e as reais. Diferentemente do isolamento recomendado em contextos como o da pandemia, o isolamento social é a ausência objetiva de vínculos sociais suficientes.
“Nesta era em que as possibilidades de conexão são infinitas, cada vez mais pessoas se sentem isoladas e solitárias”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Ele alerta que, além de afetar indivíduos e comunidades, a solidão traz custos bilionários à sociedade nas áreas de saúde, educação e emprego.
Quem mais sofre?
O relatório indica que jovens e pessoas que vivem em países de baixa e média renda são os mais afetados. Entre adolescentes de 13 a 29 anos, até 21% relataram sentir-se solitários, com as maiores taxas entre adolescentes. Em países mais pobres, o índice sobe para 24%, mais do que o dobro das taxas registradas em países de alta renda.
Entre os idosos, estima-se que um em cada três vivam em isolamento social. Já entre adolescentes, esse número é de um em cada quatro. Grupos historicamente marginalizados, como pessoas com deficiência, refugiados, indígenas, LGBTQIA+ e minorias étnicas, também enfrentam mais obstáculos para estabelecer conexões sociais.
Causas e fatores agravantes
A solidão pode ser provocada por uma série de fatores: saúde debilitada, baixa renda, viver sozinho, escolaridade limitada, falta de políticas públicas e infraestrutura comunitária precária. A tecnologia também tem papel ambíguo: embora conecte, pode acentuar o isolamento, especialmente quando há excesso de tempo de tela ou interações negativas online.
Efeitos devastadores
A ausência de conexões sociais afeta diretamente a saúde. A solidão e o isolamento aumentam o risco de AVC, doenças cardíacas, diabetes, depressão, ansiedade e morte precoce. Pessoas solitárias têm o dobro de chance de desenvolver depressão e podem apresentar pensamentos suicidas com mais frequência.
Na educação, adolescentes solitários têm 22% mais probabilidade de obter notas mais baixas. Já na vida adulta, a solidão pode dificultar a inserção e permanência no mercado de trabalho, com impacto também nos salários ao longo do tempo.
O que pode ser feito?
A OMS propõe um plano global de combate à solidão, com foco em cinco frentes: políticas públicas, produção de dados e pesquisas, intervenções eficazes, aprimoramento da medição e engajamento da sociedade para mudar normas sociais.
As soluções vão desde políticas nacionais até ações individuais, como melhorar a infraestrutura de espaços de convivência (praças, bibliotecas, cafés), oferecer apoio psicológico e fomentar redes de apoio. “Cada pessoa pode fazer a diferença com gestos simples: ligar para alguém, participar de atividades comunitárias, estar presente em uma conversa ou se voluntariar. Em casos mais sérios, é essencial buscar ajuda e serviços especializados”, reforça a OMS.
O relatório conclui que combater a solidão não é apenas uma questão pessoal, mas uma responsabilidade coletiva que pode transformar a saúde e a qualidade de vida em escala global.
Informações da Agência Brasil