No Brasil, uma pessoa negra tem 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio do que uma pessoa não negra. O dado, referente a 2023, faz parte do Atlas da Violência. Embora o índice represente uma leve queda em relação a 2022, ele ainda está acima do registrado em 2013, quando a diferença era de 2,4.
O número, divulgado no último dia 12, reforça a persistente desigualdade racial na distribuição da violência letal no país. O Atlas da Violência é elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Governo Federal, e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma organização sem fins lucrativos.
O grupo populacional classificado como não negro é a soma de pessoas brancas, amarelas e indígenas.
O documento coleta dados de fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela contagem da população, e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
Homicídios
Ao apontar que o país teve 45,7 mil homicídios registrados em 2023 e taxa de homicídios de 21,2 para cada 100 mil habitantes, o estudo cruza dados com características da população, de forma que consiga apresentar informações sobre o risco de ser vítima de violência.
Entre 2013 e 2023, o número de homicídios caiu 20,3%.
“Embora os dados apontem para uma redução geral dos homicídios no país, essa tendência não se distribui de forma equânime entre os grupos de pessoas negras e não negras”, registra o texto.
Ao analisar os índices de risco, os pesquisadores apontam que, apesar dos avanços na diminuição geral dos homicídios, “a desigualdade racial associada à violência letal não apenas persiste, como se intensifica”.
Dizer que o negro tinha chance de ser vítima 2,4 vezes maior que o não negro em 2013 e 2,7 vezes maior em 2023 representa que esse risco saltou 15,6% no período.
Informações da Agência Brasil