Com o objetivo de reafirmar a força, a luta e o protagonismo das mulheres negras, especialmente daquelas que atuam no sistema socioeducativo, a Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), realizou mais uma edição do evento “Julho das Mulheres Negras – Vozes que ecoam, tecendo futuros possíveis”.
A atividade integra a agenda da campanha nacional Julho das Pretas, que celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, datas que marcam a resistência histórica contra o racismo e o sexismo.
Realizado na Biblioteca Pública da Bahia, em Salvador, o encontro reuniu trabalhadoras da Fundac, lideranças femininas e representantes de movimentos sociais para um momento de formação, troca de experiências e valorização das identidades negras.
Música, ancestralidade e formação
A abertura do evento ficou por conta da apresentação da Banda Yayá Muxima, formada por mulheres negras. Com um repertório repleto de ancestralidade e força, o grupo trouxe leveza e potência ao início das atividades. Em seguida, foram realizadas duas mesas de debate que abordaram temas como educação, arte, pertencimento e transformação social.
A diretora-geral da Fundac, Regina Affonso, destacou o papel do evento dentro da instituição:
“É um tema fundamental porque trata de histórias silenciadas, do combate à misoginia e ao sexismo. Traz à tona a resistência e a ancestralidade dessas mulheres que construíram este país. Muitas delas são mães, avós, familiares dos nossos adolescentes, e trazem consigo saberes que precisam ser reconhecidos dentro e fora do sistema socioeducativo”.
Diálogo e transformação social
Na primeira mesa, o tema “Habilidades da vida como projeto político: o saber das mulheres negras na transformação do mundo” reuniu falas inspiradoras sobre resistência, educação e identidade. A coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas da SJDH, Hildete Emanuele, ressaltou a importância de reconhecer o papel das trabalhadoras da Fundac na formação de jovens em situação de vulnerabilidade:
“Essas mulheres enfrentam, diariamente, o desafio de mostrar aos adolescentes que é possível recomeçar. Precisamos despertar nelas o senso de pertencimento e o entendimento da sua potência”.
A segunda mesa abordou “Habilidades para viver: mulheres negras, autonomia e o projeto de mundo que estamos construindo”, e trouxe a arte-educação como ferramenta de cidadania e consciência crítica. O debate foi conduzido pela multiartista Gabriela Cabral, com participação da musicista Carine Alves, da sambadeira Verônica Mucúna (As Ganhadeiras de Itapuã) e da conferencista Madalena Maria.
Compromisso institucional
A diretora de Bibliotecas Públicas da Bahia, Tamires Neves, reforçou o papel dos espaços públicos como agentes de transformação social:
“Este evento dialoga sobre racismo, protagonismo e identidade. Como mulher negra e periférica, reconheço a importância de nos vermos nesses espaços, de entender que não precisamos ser exceção. As bibliotecas e centros culturais devem ser locais de escuta, afirmação e cidadania”.
A atividade evidenciou o compromisso da Fundac em promover a equidade racial e de gênero, além de reconhecer e valorizar o trabalho de mulheres negras que constroem, cotidianamente, uma sociedade mais justa e plural.
Informações do ba.gov.br