Uma pesquisa do Instituto Locomotiva aponta que seis em cada dez apostadores no Brasil utilizaram plataformas irregulares neste ano. Mesmo após a regulamentação do setor de apostas online, que exige licenciamento, 61% dos entrevistados admitiram ter apostado em sites ilegais, muitas vezes sem saber dos riscos envolvidos.
O levantamento, realizado com dois mil apostadores adultos, revelou que:
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78% acham difícil distinguir sites legais dos ilegais;
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72% não conseguem verificar a regularidade das plataformas;
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46% já depositaram dinheiro em sites que depois foram identificados como irregulares.
Segundo o instituto, pessoas com menor renda e escolaridade são as mais vulneráveis, por desconhecerem os mecanismos de segurança das plataformas regulamentadas. Operadores ilegais frequentemente utilizam táticas como nomes semelhantes aos de marcas oficiais, mudanças constantes de domínio e propaganda feita por influenciadores, com promessas enganosas de ganhos fáceis.
A pesquisa também indica que 87% dos apostadores defendem uma atuação mais firme do poder público contra as plataformas ilegais. Para o Instituto Locomotiva, os dados mostram a necessidade urgente de uma ação coordenada entre governo, operadores licenciados e sociedade civil, com foco na proteção dos cidadãos e na sustentabilidade do setor.
Impactos econômicos e falta de confiança
Os dados da pesquisa serviram de base para o estudo Fora do Radar, desenvolvido pela LCA Consultores em parceria com o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR). A estimativa é que entre 41% e 51% do mercado de apostas online no país ainda esteja na ilegalidade, gerando uma perda fiscal de até R$ 2,7 bilhões em apenas três meses. Em um ano, esse valor pode chegar a R$ 10,8 bilhões.
Para o IBJR, a recente elevação de tributos para as plataformas regulamentadas fragiliza o setor. “Isso gera insegurança jurídica e quebra de confiança, o que afeta empresas, apostadores e o próprio governo, que deixa de arrecadar”, afirmou Fernando Vieira, presidente executivo da entidade.
Eric Brasil, diretor da LCA Consultores, destaca que reduzir o mercado ilegal traz benefícios diretos, como a proteção aos apostadores, o combate ao crime organizado e o aumento da arrecadação pública.
Como identificar plataformas seguras
Para garantir a segurança nas apostas online, os sites autorizados pelo Ministério da Fazenda devem seguir regras específicas:
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Usar o domínio “.bet.br”;
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Adotar sistema de cadastro com reconhecimento facial e envio de documentos;
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Oferecer controle de tempo e limites de perdas financeiras;
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Permitir apenas transações via Pix e débito em conta do titular;
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Disponibilizar mecanismos de autoexclusão para apostadores.
A lista oficial de plataformas autorizadas pode ser consultada no site do Ministério da Fazenda.
Informações da Agência Brasil