Na abertura da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo à comunidade internacional para que concentre esforços no combate às desigualdades e à fome, que classificou como as maiores ameaças à democracia e à paz.
“A única guerra de que todos podem sair vencedores é a que travamos contra a fome e a pobreza”, declarou, lembrando que ainda existem 670 milhões de pessoas famintas e 2,3 bilhões em insegurança alimentar no mundo.
Lula destacou a necessidade de fortalecer o multilateralismo e criticou as medidas unilaterais e arbitrárias impostas por potências internacionais. Segundo ele, a ONU vive uma “nova encruzilhada”, em meio ao enfraquecimento da democracia global e ao avanço do autoritarismo. Sem citar diretamente Donald Trump, o presidente brasileiro denunciou ataques recentes contra a independência do Judiciário e ressaltou a importância da autonomia do Supremo Tribunal Federal. “Não há pacificação com impunidade”, disse, em referência à condenação inédita de um ex-chefe de Estado brasileiro por atentar contra a democracia.
O discurso também enfatizou a redução das desigualdades sociais como fundamento da democracia, denunciando disparidades de gênero no mercado de trabalho e a violência contra mulheres. Lula celebrou a saída do Brasil do Mapa da Fome em 2025 e apresentou como exemplo a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada no G20, que já conta com apoio de mais de 100 países. Entre as propostas, defendeu aliviar a dívida externa dos países mais pobres, estabelecer padrões mínimos de tributação global para os super-ricos e redirecionar gastos militares para o desenvolvimento social.
Além disso, o presidente voltou a cobrar a regulação das plataformas digitais, que, segundo ele, têm sido usadas para disseminar ódio, misoginia, desinformação e ataques à democracia. “Regular não é restringir a liberdade de expressão. É garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim no ambiente virtual”, argumentou, citando a nova lei brasileira de proteção de crianças e adolescentes na internet como uma das mais avançadas do mundo.
Lula concluiu pedindo um fortalecimento das Nações Unidas, com a ampliação da participação de países em votações estratégicas. “Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, afirmou, reforçando que a luta contra a pobreza deve ser o eixo central da ação coletiva internacional.
Informações da Agência Gov