Imagem: Ricardo Stuckert/PR
Em sua agenda na ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta terça-feira (24) da segunda reunião intitulada Em Defesa da Democracia, Combatendo Extremismos. O encontro é fruto de uma iniciativa de países sul-americanos e da Espanha, que já haviam se reunido em 21 de julho, em Santiago, no Chile.
Na abertura, Lula falou de improviso, sem recorrer ao discurso escrito. Ele destacou que governos democráticos e populares precisam priorizar as pautas da sociedade organizada e não permitir que os interesses do mercado ditem toda a agenda. Segundo ele, quando “a cobrança do mercado, a necessidade de contentar o mercado” colocam em segundo plano a pauta social, isso representa “o fracasso da democracia”.
O presidente questionou os líderes presentes sobre o avanço da extrema direita no mundo: “Porque a gente permitiu que a extrema direita crescesse com a força que está crescendo? É virtude deles ou incompetência nossa?”. Ao lado de Lula estavam lideranças progressistas como o presidente uruguaio Yamandú Orsi e o presidente do Chile, Gabriel Boric.
Lula pediu reflexão e ressaltou a importância da organização política popular para fortalecer a democracia. Ele contou que despertou para a política ainda jovem, sem formação ideológica tradicional, quando atuava como metalúrgico: “Eu comecei a fazer política sem ser político. Eu dizia que não gostava de quem gostava de política. Eu não sabia que [isso] era pura ignorância minha”.
Segundo ele, sua decisão de fundar um partido e se dedicar à política surgiu após uma visita ao Congresso Nacional, ainda como líder sindical: “Eu fiz a grande descoberta da minha vida: não tinha trabalhador no Congresso! Como eu quero que aprovem leis favoráveis aos trabalhadores?”.
Durante a fala, provocou os participantes: “Com quantas pessoas você falou hoje sobre a necessidade de participação popular? Se não organizarmos, a democracia perdeu”. Para Lula, a defesa da democracia é também a defesa do futuro da humanidade: “Somente a democracia será capaz de construir o multilateralismo e reconstruir a harmonia entre os seres humanos e a civilidade entre os Estados”.
A reunião dialoga com o discurso que Lula fez na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro, quando defendeu o fortalecimento do multilateralismo e da própria ONU como respostas ao extremismo e ao autoritarismo.
A participação do presidente brasileiro tem rendido resultados. Além de seu discurso de impacto, no qual tratou do combate à fome e à pobreza — “a única guerra em que todos os países podem sair vencedores” — e da busca pela paz em regiões como a Faixa de Gaza, Lula também anunciou o Fundo Florestas para Sempre, lançado com um aporte inicial de US$ 1 bilhão, em um gesto que classificou como “liderar pelo exemplo”.