Um estudo feito por duas unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que o impacto da violência no Brasil varia conforme idade, sexo e cor da pele. Adolescentes, jovens adultos, mulheres, pretos e pardos são os grupos que mais sofrem com o problema.
Os dados analisados foram retirados de notificações médico-hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) e de estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa foi conduzida por especialistas da Agenda Jovem Fiocruz (AJF) e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).
Segundo o levantamento, 65% das mortes entre jovens têm como causa fatores externos, como violências e acidentes. Em termos absolutos, foram registradas 84.034 dessas mortes em um total de 128.826 óbitos.
Pessoas de 15 a 19 anos estão mais sujeitas à violência física de forma geral e tendem a ser as principais vítimas em situações de conflito. Já entre os jovens de 20 a 24 anos, o risco maior é de mortes violentas, com uma taxa de 390 óbitos para cada 100 mil habitantes.
As principais formas de violência sofridas por jovens são: agressão física (47%), violência psicológica e moral (15,6%) e violência sexual (7,2%). O estudo aponta que quanto mais velha a vítima, maior a incidência de violência psicológica; quanto mais jovem, maior a proporção de violência física.
A cor da pele também é um fator determinante: jovens pretos e pardos correspondem a mais da metade (54,1%) das notificações de violência no SUS. Quando se observa apenas os óbitos por causas externas, eles representam quase três quartos (73%) das mortes — um total de 61.346 vidas perdidas. Entre homens negros jovens, a taxa de mortalidade chega a 227,5 para cada 100 mil habitantes.
Violência contra mulheres
O estudo ressalta que as mulheres são as maiores vítimas das violências notificadas no SUS, em todos os estados e no Distrito Federal, com destaque para as meninas de 15 a 19 anos. Tiros de arma de fogo e cortes causados por objetos perfurantes estão entre as principais causas de morte violenta entre elas.
Outro ponto abordado é a situação de jovens com deficiência, que aparecem em um quinto (20,5%) das notificações de violência. Grande parte apresentava algum tipo de transtorno mental, de comportamento ou deficiência intelectual.
Informações da Agência Brasil