O Banco Central (BC) divulgou uma carta explicando os motivos que levaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a ultrapassar o teto da meta de inflação. Segundo o órgão, o crescimento da economia, o aumento dos preços de alimentos industrializados — com destaque para o café — e a aplicação da bandeira tarifária na conta de energia elétrica contribuíram para a alta da inflação nos últimos meses.
No sistema de metas contínuas em vigor, o BC precisa se manifestar sempre que a inflação acumulada em 12 meses ultrapassa o teto de 4,5% por seis meses consecutivos. A meta central é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Entre os fatores apontados como determinantes para o desvio de 2,35 pontos percentuais em relação à meta, estão:
Inércia inflacionária (0,69 p.p.);
Expectativas elevadas do mercado (0,58 p.p.);
Economia operando acima da capacidade (0,47 p.p.);
Inflação importada (0,46 p.p.);
Aumento nas tarifas de energia (0,27 p.p.)
A carta também menciona que o aumento de preços administrados, como energia elétrica, superou as previsões, enquanto os preços de alimentos no domicílio tiveram variações mais baixas do que o esperado, equilibrando parcialmente o índice.
Projeções e juros
O Banco Central estima que a inflação deve começar a se aproximar do teto da meta apenas no primeiro trimestre de 2026. A projeção é de que o IPCA fique entre 5,4% e 5,5% nos três primeiros trimestres, caia para 4,9% até o fim do ano e atinja 4,2% no primeiro trimestre de 2026.
Para conter a inflação, o BC mantém a taxa Selic em 15% ao ano — o maior nível desde 2006 — e indica que a política monetária deve seguir “significativamente contracionista” por um período prolongado. A instituição reforça que continuará atenta e, se necessário, poderá manter ou até elevar os juros para garantir o controle da inflação, especialmente em um cenário de expectativas instáveis.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou que “não hesitará em retomar o ciclo de alta, caso julgue apropriado”.
Informações da Agência Brasil