Os medicamentos e produtos farmacêuticos estão entre os principais itens importados pelo Brasil, especialmente dos Estados Unidos. Embora, inicialmente, esses produtos não estejam incluídos nas tarifas impostas pelo governo norte-americano a produtos brasileiros, uma eventual retaliação por parte do Brasil preocupa o setor e pode afetar diretamente os preços de medicamentos de alto custo, como os usados no tratamento de câncer e doenças raras.
Grande parte dos insumos e equipamentos médicos utilizados no país vem do exterior. Entre eles, estão reagentes para exames, materiais para cirurgias e aparelhos hospitalares. Em meio às tensões comerciais, a possibilidade de uma alta nos preços acende o alerta para a necessidade de alternativas.
De acordo com Paulo Fraccaro, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos, caso o Brasil opte por medidas de reciprocidade, os produtos importados podem chegar até 30% mais caros ao consumidor. Países como China, Índia e Turquia são apontados como possíveis fontes alternativas de fornecimento, embora a transição demande tempo e estrutura.
Além disso, o Brasil importa medicamentos patenteados e com alta tecnologia, especialmente voltados para tratamentos complexos. Os Estados Unidos estão entre os principais fornecedores desses remédios, o que torna a dependência ainda mais sensível em um cenário de guerra tarifária.
A maior parte dos medicamentos comuns — especialmente os genéricos — é produzida internamente. No entanto, cerca de 95% dos insumos farmacêuticos utilizados na fabricação nacional vêm da China, o que também representa um ponto de vulnerabilidade.
Para Norberto Prestes, presidente-executivo da Associação Brasileira de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o cenário reforça a urgência de investir em pesquisa e desenvolvimento no país. “Temos a capacidade, temos pesquisadores brilhantes, que acabam indo para o exterior. Nós deveríamos reter esses talentos aqui e desenvolver nosso sistema para aumentar a nossa soberania nesse quesito”, afirma.
Informações da Agência Brasil