Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), em parceria com o instituto Educa Insights, aponta que os gastos com apostas esportivas online têm interferido diretamente no início da graduação de milhares de brasileiros.
Segundo a pesquisa O Impacto das Bets 2, cerca de 33,8% dos apostadores entrevistados afirmaram que as apostas comprometeram seus planos de ingressar em faculdades particulares.
O impacto não se limita apenas ao ingresso: 14% dos estudantes que já estão matriculados no ensino superior precisaram trancar o curso ou atrasaram mensalidades devido às apostas. Já entre os que planejam iniciar a graduação no próximo ano, 34,4% disseram que precisarão suspender os gastos com as apostas para conseguir se matricular.
A pesquisa entrevistou mais de 11 mil pessoas entre 18 e 35 anos, de diferentes classes sociais e regiões do país. O perfil mais comum dos apostadores é de homens (85%), trabalhadores (85%), muitos com filhos (72%), pertencentes majoritariamente às classes B (38%) e C (37%). O grupo com maior frequência de apostas está nas regiões Sudeste (41%) e Nordeste (40%).
A prática, que se tornou rotina para metade dos entrevistados, ocorre com frequência de uma a três vezes por semana. Em comparação à edição anterior da pesquisa, o percentual de apostadores que gastam mais de R$350 por mês aumentou de 30,8% para 45,3%.
De acordo com estimativas da Abmes, quase 1 milhão de possíveis estudantes podem deixar de ingressar no ensino superior privado em 2026 por comprometimento financeiro com jogos e apostas online.
Além da educação, o estudo também revela outros impactos no cotidiano dos apostadores:
28,5% deixaram de sair com amigos ou frequentar bares e restaurantes;
23,6% deixaram de investir em atividades físicas ou academias;
20,9% suspenderam cursos de idiomas ou outras formações.
Para a Abmes, é urgente o desenvolvimento de políticas públicas e campanhas educativas que conscientizem a população sobre os riscos das apostas. A entidade defende uma regulação mais eficaz do setor e um esforço conjunto entre os setores da educação, saúde e comunicação para enfrentar o problema.
“O fenômeno está se aprofundando e atinge, principalmente, os jovens das classes C e D. É uma realidade nova, que exige maturidade social e atenção do poder público”, alertou o diretor-geral da Abmes, Paulo Chanan.
Informações da Agência Brasil