A Festa Literária Internacional do Pelourinho — Flipelô — chega à sua nona edição reunindo autores nacionais e internacionais, em uma programação inteiramente gratuita que ocupa diversos espaços do Centro Histórico de Salvador. A abertura acontece hoje (6), às 19h, com o musical Os Dias Bem-Amados: Vida e Obra de um Autor Baiano, dirigido por Gil Vicente Tavares, em homenagem a Dias Gomes, dramaturgo baiano homenageado deste ano.
Escritores de várias partes do Brasil e do mundo compõem a programação. Entre os nomes internacionais, estão a norte-americana Tracy K. Smith, a indiana Shelly Bhoil, a portuguesa Anabela Mota Ribeiro, a chilena Andrea Jeftanovic, o argentino Leopoldo Castilla e o marfinense Gauz — que aborda temas como imigração, colonização e identidade. Gauz é autor do premiado Camarade Papa e foi indicado ao International Booker Prize. Ele participa de uma roda de conversa com o tema Migração, Margem e Memória, mediada por Ana Rosa Neves Ramos.
Outro destaque é o moçambicano Adelino Timóteo, presente em uma edição das Conversas Transatlânticas, com mediação de Iuri Barreto. Os encontros acontecem na Casa Motiva, que estreia na Flipelô ocupando a Casa Vale do Dendê, na Rua das Laranjeiras. Também por lá, Tatiana Dias Gomes, neta do homenageado Dias Gomes, participa do espetáculo musical Nas Trilhas das Novelas, inspirado nas trilhas sonoras das obras do autor.
Espaço para a infância e autores baianos
A Flipelô mantém seu compromisso com o público infantil por meio do Espaço Mabel Velloso, na Praça das Artes. O local oferece contação de histórias, oficinas criativas, animações culturais e lançamentos de livros de autores baianos. Entre os destaques estão a escritora Flávia Lins e Silva, criadora da série Detetives do Prédio Azul, e Thalita Rebouças, conhecida por títulos como Fala Sério, Mãe e Diário de Uma Garota Esquisita.
A produção literária baiana também ganha protagonismo na Casa das Editoras Baianas, que ocupa a Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Terreiro de Jesus. Ao todo, nove editoras locais participam: Segundo Selo, Solisluna, Caramurê, Arpillera, P55, Mondrondo, Paralelo13S, Futuca Cuca e Villa Olívia.
O escritor Dênisson Padilha, por exemplo, participa de uma mesa ao lado da amapaense Lulih Rojanski, com mediação da jornalista Luisa Sá Lassere. Eles discutem os limites da identidade territorial na literatura. “O título da mesa é uma pergunta retórica: ‘De que terra você é? Eu sou da literatura’. Vamos tratar de temas como orfandade, amores e violência, que são universais”, afirma Dênisson, que também apresenta seu livro mais recente, Fúria Talvez.
Literatura em diálogo com a música
A música também está presente ao longo da programação, com apresentações da Camerata da Osba, Gerônimo Santana e Banda Monte Serrat, além do encerramento especial com a Orquestra Afrosinfônica no Largo do Pelourinho.
A Flipelô reforça seu papel como encontro plural de narrativas, afetos e resistências, promovendo o acesso à cultura e à literatura no coração de Salvador.
Informações do Correio*