Créditos : Maria Luiza
A dignidade menstrual voltou ao centro do debate após o Governo Federal lançar um programa que garante absorventes gratuitos para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade. Segundo o Instituto Locomotiva, 52% das brasileiras já enfrentaram a pobreza menstrual em algum momento da vida. Atentos a esse cenário, jovens cientistas do Colégio Estadual de Tempo Integral Professora Sílvia Ferreira de Brito, em Ribeira do Pombal, criaram um absorvente sustentável feito a partir da fibra da bananeira.
A proposta nasceu em sala de aula, quando o professor Allan dos Santos incentivou os estudantes a pensar em soluções para problemas da comunidade. A estudante Bianca de Oliveira, moradora da zona rural, sugeriu o uso da fibra da bananeira, conhecida pela alta capacidade de absorção. A partir daí, a equipe desenvolveu testes de esterilização e absorção. “Retiramos a fibra, buscamos formas de esterilizar para evitar fungos e fizemos os testes de absorção de líquidos”, contou Mirelly Santana, integrante do grupo.
Para o professor Allan, a iniciativa mostra como ciência e empreendedorismo podem transformar realidades. “Quando unimos conhecimento científico ao espírito empreendedor, damos aos jovens não apenas ferramentas para aprender, mas também para criar soluções que impactam a sociedade, despertando a curiosidade e estimulando a criatividade”, afirmou.
O grupo já planeja os próximos passos: patentear o produto e buscar parceiros para ampliar a produção. Segundo o estudante Antonio Kelvin, o projeto alia baixo custo e sustentabilidade. “Acreditamos que é viável a comercialização em pequena e grande escala. Além disso, após o ciclo, o absorvente pode ser transformado em adubo”, destacou.
A iniciativa contou com apoio da Secretaria da Educação da Bahia (Sec), da Universidade Federal de Sergipe (UFS) — responsável pelos testes laboratoriais — e da Clínica Dr. Celso, no acompanhamento ginecológico. Além de Bianca, Mirelly e Antonio, a equipe é formada por Guilherme Malta, Laiza Victória e Ana Raquel, com coorientação dos professores Juliana Ribeiro, Valderlanea Nobre, Damião Cardoso, Sandoval Caitano e Elizângela Costa.
O projeto integra o programa Bahia Faz Ciência, da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), que desde 2019 divulga semanalmente reportagens sobre pesquisas e iniciativas que contribuem para melhorar a vida da população baiana em áreas como saúde, educação e segurança.