Parece diversão, mas é trabalho. É o que se pode dizer do desafio que os técnicos da Embasa enfrentam, utilizando técnicas de rapel, para acessar as redes em locais de difícil acesso em morros e encostas. O trabalho, sempre acompanhado por um técnico de segurança e executado por profissionais treinados e habilitados, permite a manutenção de tubulações de esgoto em áreas de relevo acidentado, ou seja, com montanhas, vales profundos e encostas muito inclinadas. Sem esse recurso, seria impossível oferecer o serviço de esgotamento sanitário nessas regiões das cidades.
Criado a partir de técnicas do alpinismo, que preza pela segurança do praticante, o rapel é uma atividade que usa cordas e equipamentos para descer paredões, vãos livres e outras estruturas com a ajuda de uma corda dupla passada sob uma coxa e sobre o ombro oposto a ela, ou por meio de um dispositivo especial que desliza. A palavra deriva do francês rappel, que quer dizer “chamar” ou “recuperar”.
Recentemente, o recurso foi usado por uma equipe para conseguir vistoriar a rede coletora de esgoto instalada no alto de uma encosta na rua 30 de Novembro, em São Gonçalo do Retiro, bairro de Salvador. As redes de esgoto são as mais presentes em locais mais altos, já que usam a gravidade como principal força para transportar o efluente, permitindo que o esgoto flua naturalmente em direção às estações de tratamento, aproveitando o declive do terreno.
As equipes também são acionadas para atuar em obras de requalificação urbana nessas áreas, trabalhando em conjunto com o governo do estado ou prefeituras. Mas, para o técnico, não basta simplesmente colocar os equipamentos e iniciar a descida. É preciso antes participar e ser aprovado em um rigoroso treinamento, que também prepara as equipes para acessar lugares confinados.
Supervisor de Processo de Serviço da Embasa, Jucimário Ramos explica que há equipes preparadas para o serviço em toda a região metropolitana de Salvador. “O treinamento para trabalho em espaço confinado e trabalho em altura é fundamental em cidades como Salvador e vizinhança, principalmente em bairros como Cabula, São Caetano, Fazenda Grande e Pirajá, por exemplo, que estão na região mais montanhosa da capital”, explica.
Além do serviço de manutenção das redes, as equipes são preparadas para realizar o trabalho de poda e roçagem da vegetação em torno das tubulações no alto das encostas, trabalho que é feito periodicamente. “Temos uma história curiosa em Fazenda Grande 3, onde as raízes de uma amendoeira sempre crescem em direção a um poço de visita da rede coletora de esgoto. Para manter a integridade do equipamento, temos sempre que fazer a manutenção e limpeza do local, para que as raízes não danifiquem a estrutura e também não seja necessário retirar a árvore, que permanece até hoje no local”, conta.
SEGURANÇA | Sidney Pereira já soma 25 anos de trabalho na Embasa e tem o rapel como parte da sua rotina como técnico de manutenção de redes. Para ele, é uma atividade corriqueira, sempre acompanhada de treinamento e segurança. “Estamos sempre nos capacitando e atualizando a formação nas normas técnicas. Essa é uma parte fundamental do trabalho, que exige coragem e atenção redobrada”, diz.
Outro integrante fundamental na equipe é o técnico em segurança do trabalho, função de Edson Gonçalves, que há oito anos trabalha para a Embasa e tem vasta experiência na atividade. Segundo ele, é esse profissional quem reforça, a todo tempo, a importância de cumprir as normas de segurança e de medicina do trabalho, que salvam vidas.
“Antes de tudo, esse trabalho preza pelo desenvolvimento de uma cultura prevencionista na empresa, reforçando que é preciso treinar, fiscalizar e manter o cumprimento das normas, repetindo um padrão para que o trabalhador não se coloque em risco. Acidentes podem acontecer, mas é o comportamento de prevenção que faz com o trabalhador pense antes no que vai fazer, em vez de iniciar a atividade sem planejamento”, conclui.
Informações da Embasa