Com linha, pano e agulha, elas criam roupas e refazem aquelas que já não vestem tão bem quanto antes. E desta forma seguem bordando também a vida, que em tempos de crise como a atual, também faz o ofício de costureira ficar difícil quando a questão é sobreviver. “Diminuiu o número de clientes. A crise chegou pra gente também e chegou forte. Tenho minha clientela e não fico sem trabalho, mas diminuiu bastante. Eu diria que na faixa de 40 por cento”, revela Izabel Bispo, 62, há 45 anos trabalhando com costura, 13 dos quais na oficina que montou na Ladeira do Funil, no Barbalho.
Izabel trabalha com costura fina, shorts, biquínis, malhas e se queixa do aumento de preços de botões, linha, agulha, elástico. “Eu compro as peças, mas tudo subiu de preço. O momento é de crise braba! Antes eu tinha 20 encomendas por dia e hoje só tenho cinco”, afirma ela que exige 50% por cento do valor da costura adiantado na hora de fechar o serviço, e o restante quando entrega a peça criada ou recuperada. “Se eu for facilitar vou tomar calote. Como já tomei muitos, agora é assim”, diz, acrescentando que o concerto de uma blusa, por exemplo, pode custar, no mínimo, R$5,00.
“Apertar uma calça, eu reforma ela que fica novinha como se tivesse saído da loja, mas custa R$ 25 a R$ 30,00. Mas o que mais aparece pra fazer são costuras novas. A pessoa compra o pano e traz pra fazer. Mas nem isso aumentou. Tudo diminuiu”, afirma ela, que assumi o comando da maquina de costura a qualquer hora do dia ou da noite, paga rigorosamente seu INSS como autônoma e ganhou problemas de coluna devido ao ofício.
Regina Célia Silva, 58, funcionária pública aposentada, desde os 15 anos gosta de costurar em casa- ela reside no bairro da Saúde-, função que acabou lhe proporcionado uma renda extra. “Já ganhei dinheiro, mas hoje ganho pouco com a costura. Agora é mais difícil. Confecção hoje é muito barato e com a crise diminuiu a procura pela costureira”, enfatiza quem pretende, no futuro, abri uma loja com roupas para gordinhas (os). “Eu gosto mais de fazer ajustes e roupas de gordinhas, que ninguém quer fazer. As gordinhas são discriminadas”, diz dando uma boa gargalhada.
“Costurar é bom pra tirar o estresse”, enfatizou. Já Maria das Graças de Lima, desde os 17 anos costura. Com atelier em Nazaré, ela mantém a sua clientela sempre ao seu redor. “Não diminuiu tanto o trabalho, mas o problema é que o pessoal vem pegar as costuras sem dinheiro, aí eu prefiro não dar e nem receber”, declara também sorrindo e demonstrando orgulho por receber visitas de clientes de bairros distantes como Imbuí e Paralela.
“Essa é uma boa clientela, que paga. A daqui é que não tem dinheiro pra pagar” afirma. Depois aponta a placa que colocou no seu ambiente de trabalho com a frase: “Peça um Fiado e Receba dois Não”.