Os crimes virtuais cresceram 45% no Brasil, somando cerca de 5 milhões de fraudes. Um em cada quatro brasileiros já sofreu tentativa de golpe, e metade dessas pessoas acabou sendo vítima, segundo a Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP).
Entre os principais fatores que explicam esse aumento está o uso da inteligência artificial (IA). Com o avanço tecnológico, criminosos conseguem criar vozes e imagens falsas extremamente realistas, dificultando a identificação das fraudes. A sofisticação dos golpes evidencia uma nova fase do crime digital, onde a linha entre o real e o falso se torna cada vez mais tênue.
Para Talita Caroline Oliveira Schmitt, professora do curso técnico em informática da Escola Técnica Tupy, o uso de IA tornou os golpes mais convincentes. “Desde a clonagem de perfis até chamadas telefônicas falsas que imitam a voz de familiares, os criminosos estão mais criativos e perigosos”, alerta.
Do crime físico ao digital
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra uma mudança no perfil da criminalidade. Enquanto os estelionatos digitais aumentaram mais de 13% em um ano, os roubos físicos a bancos e instituições financeiras caíram quase 30%.
Essa migração acompanha a digitalização da vida cotidiana. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, mais de 60% dos brasileiros já usam Pix ou outras formas de pagamento online. “Se a circulação de dinheiro em espécie caiu, é natural que os golpistas migrem suas estratégias para o ambiente digital”, analisa Talita.
Jovens são os principais alvos
Apesar da crença de que idosos são as maiores vítimas, os jovens entre 16 e 29 anos representam 27% dos casos, tornando-se o grupo mais atingido. Já os idosos somam cerca de 16% das vítimas, geralmente por golpes mais tradicionais como clonagem de cartões e falsas centrais telefônicas.
Nos jovens, o apelo vem por meio de promessas de renda fácil, oportunidades de trabalho falsas ou investimentos duvidosos. “Eles são mais conectados e, por isso, mais expostos. Caem em armadilhas que parecem modernas, mas usam os mesmos princípios de engano”, explica a professora.
Como se proteger?
A vulnerabilidade digital é agravada por fatores como a falta de educação digital, o uso excessivo de smartphones e a dificuldade em identificar conteúdos falsos. Para se proteger, especialistas recomendam:
- Evitar clicar em links desconhecidos;
- Desconfiar de promessas de lucro fácil;
- Utilizar senhas fortes e diferentes para cada conta;
- Ativar a autenticação em dois fatores sempre que possível;
- Manter softwares e aplicativos atualizados.
“A melhor defesa é a informação. Conhecer os golpes mais comuns e saber como agir é essencial para evitar prejuízos”, conclui Talita.
Informações do jornal O Povo