O preço do café deve continuar subindo nas próximas semanas, pelo menos até a safra deste ano, que começa a ser colhida por volta de abril ou maio. A afirmação é da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). A principal causa do aumento nos preços são os eventos climáticos, que influenciam na safra do grão. O aumento do consumo em todo o mundo e a chegada de um novo mercado consumidor global, a China, também influenciam.
Segundo a entidade, esse impacto sobre os preços deve se manter por mais dois ou três meses. Depois, deve vir um momento de arrefecimento no valor do produto, com uma certa estabilização. A queda de preços, no entanto, só deverá acontecer a partir da safra do próximo ano, estima a associação.
O aumento no preço do café vem sendo observado desde novembro do ano passado. E não é um fenômeno apenas no Brasil, que é o principal exportador mundial de café no mundo, representando quase 40% da produção mundial, seguido pelo Vietnã (em torno de 17%) e pela Colômbia.
Estimativas
A Abic espera que a safra deste ano, que começa a ser colhida em abril, ajude a estabilizar os preços. O setor também tem uma grande expectativa para a safra do ano que vem, que pode bater o recorde de 2020, ajudando a ampliar a oferta e diminuir os preços do produto. Enquanto isso não ocorre, o consumidor ainda deve sofrer com o aumento no café já que a indústria ainda tem repasses a fazer pelo seu alto custo.
“Em relação à matéria-prima, devemos ter ainda alguma volatilidade adicional até a chegada da safra, que deve tensionar por conta de uma oferta muito curta. A partir da chegada dessa safra, entendemos que haverá alguma estabilidade. E quando tivermos finalizado a colheita, portanto, com um olhar para 2026, esperamos ter uma grande safra, possivelmente superior a 2020, quando tivemos safra recorde”, informou Cardoso,
“Com relação ao consumidor, teremos algum aumento adicional, afinal, tivemos aumentos superiores a 180% para a indústria, que absorveu esse aumento e repassou parte disso para os mercados, chegando a 37% para os consumidores. Então, parte desse aumento será transferido para os varejistas e, consequentemente, aos consumidores”, explicou.
Dados do setor
O consumo da bebida no Brasil entre novembro de 2023 e outubro de 2024 cresceu 1,11% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados pela Abic nesta quarta-feira (5).
O Brasil, que é o maior produtor e exportador do produto, é também o segundo maior consumidor mundial de café, tendo consumido 21,916 milhões de sacas em 2024, o que significou 4,1 milhões de sacas a menos do que é consumido pelo país que está na liderança desse ranking, os Estados Unidos. Os dados do setor também informaram que o brasileiro consome, em média, 1.430 xícaras/ano de café.
O faturamento da indústria de café torrado no mercado interno somou R$ 36,82 bilhões no ano passado, uma variação de 60,85% quando comparado a 2023. A alteração ocorre devido ao aumento do preço do café na gôndola. No mercado externo, o faturamento foi de R$ 134 milhões.
Os cafés especiais sofreram um aumento de 9,80%, quando comparado o período de janeiro de 2024 com dezembro de 2024. Já a categoria de cafés Gourmets registrou um aumento de 16,17%; os cafés Superiores, de 34,38%; e os cafés Tradicionais e Extrafortes, tiveram aumento de 39,36%. Os cafés em cápsula também registraram um aumento nos preços (2,07%).
Nos últimos quatro anos, a matéria-prima aumentou 224%, e o café no varejo aumentou 110%. No último ano, a variação de preço ao consumidor do café torrado e moído foi de 37,4%, um aumento maior que a média da cesta básica (2,7%).
Informações da Agência Brasil