Créditos: Fernando Barbosa/Ascom IPAC
O tradicional caruru de Cosme e Damião, celebração marcada pela fé, partilha e tradição, foi oficialmente reconhecido como patrimônio cultural imaterial da Bahia. A decisão garante medidas de preservação que incluem documentação, apoio às comunidades detentoras, projetos educativos e incentivo à continuidade da prática entre as novas gerações.
“O reconhecimento representa a valorização de uma tradição secular profundamente enraizada em nossa identidade. Ao ser registrado como patrimônio, asseguramos não apenas a originalidade desse banquete, mas também a riqueza de seu diálogo com o sincretismo religioso — uma das marcas mais expressivas da cultura baiana”, afirmou Marcelo Lemos, diretor-geral do IPAC.
Dossiê e legado ancestral
O líder do Terreiro Lembá, Tata Ricardo, autor do dossiê que fundamentou o registro, destacou a importância histórica da medida:
“O reconhecimento do tradicional caruru de Cosme e Damião como patrimônio imaterial do Estado é, antes de tudo, uma ação reparatória. Também é uma medida protetiva, de cuidado e salvaguarda, voltada a uma manifestação que não apenas expressa a fé de um povo, mas carrega um legado ancestral de resistência, afetividade, saberes e identidade.”
Mais do que um prato, o caruru é um elo entre passado e presente. Cada colherada de quiabo com dendê carrega a memória de povos indígenas e africanos que ajudaram a formar a Bahia. As festas realizadas em setembro reafirmam a continuidade de uma tradição religiosa, social e cultural.
“O caruru não apenas alimenta: ele guarda saberes, ancestralidade, resistência e afetividade. É uma manifestação que conecta gerações e reafirma o compromisso com a memória coletiva do nosso povo”, concluiu Tata Ricardo.