O Brasil passou a contar com a maior biofábrica do mundo dedicada à produção dos chamados “mosquitos do bem”. Aedes aegypti, modificados com a bactéria Wolbachia, se tornam capazes de bloquear a transmissão de doenças como dengue, Zika e Chikungunya. Localizada em Curitiba (PR), a unidade é administrada pela empresa Wolbito Brasil, em parceria com a Fiocruz e outras instituições científicas nacionais e internacionais.
A nova estrutura tem capacidade para produzir até 100 milhões de ovos por semana, que serão utilizados em programas de controle biológico do mosquito transmissor das arboviroses. A expectativa é que cerca de 140 milhões de brasileiros sejam beneficiados nos próximos anos, com a aplicação em larga escala da tecnologia.
A Wolbachia é uma bactéria naturalmente presente em diversos insetos, mas não no Aedes aegypti. Quando inserida no mosquito transmissor, ela impede que vírus como o da dengue se desenvolvam dentro do organismo do inseto, tornando-o ineficaz na propagação da doença.
A iniciativa é fruto de uma cooperação entre instituições como a Wolbito Brasil, a Fiocruz, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, o Instituto de Tecnologia do Paraná e o World Mosquito Program, com apoio do Ministério da Saúde.
Com investimento superior a R$ 82 milhões, a fábrica representa um avanço significativo na estratégia nacional de enfrentamento às arboviroses. Segundo o Ministério da Saúde, o uso da tecnologia tem potencial de substituir gradualmente os métodos tradicionais baseados em inseticidas, ampliando a eficácia do combate e reduzindo impactos ambientais.
Estudos apontam que, além de eficiente, o método também apresenta excelente custo-benefício. Para cada real investido, estima-se uma economia de até R$ 500 em gastos com medicamentos, internações e tratamentos hospitalares.
O Brasil já vinha testando a técnica em menor escala há cerca de uma década, com resultados positivos. Em Niterói (RJ), por exemplo, a liberação dos mosquitos com Wolbachia contribuiu para a redução de quase 70% dos casos de dengue. Agora, com a produção em larga escala, o país se consolida como referência global no controle biológico de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, ao lado de outras 14 nações que já utilizam a tecnologia.
Informações da Agência Brasil