O Brasil abriga o maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta. Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) identificaram o Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA), cuja capacidade impressiona: estima-se que o volume armazenado seria suficiente para abastecer toda a população mundial por cerca de 250 anos.
Composto por mais de 150 quatrilhões de litros de água, o SAGA supera o famoso Aquífero Guarani, que possui 39 mil quilômetros cúbicos. Sua área de abrangência ultrapassa 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 75% em território brasileiro, o que pode beneficiar diretamente residências, comércio e o agronegócio.
A descoberta reforça a importância estratégica da Amazônia não apenas pela biodiversidade, mas também como eixo fundamental para a regulação climática e o abastecimento de água. Segundo especialistas, as árvores desempenham papel vital no equilíbrio do aquífero, ajudando a manter a umidade e a gerar chuvas que irrigam outras regiões do país.
Apesar da dimensão, os pesquisadores alertam para o uso responsável do recurso, lembrando que o Aquífero Guarani já enfrenta sérias pressões. O manejo sustentável será essencial para garantir que o potencial hídrico do SAGA se mantenha para as futuras gerações.
O estudo revelou ainda que o aquífero se estende desde os contrafortes dos Andes, no Acre, até a região do Marajó, no Pará, confirmando sua importância não apenas ambiental, mas também econômica.
O geólogo responsável pela pesquisa ressalta a dependência do agronegócio brasileiro da água amazônica:
“A Amazônia transfere, para o restante do Brasil, um número aproximado de oito quatrilhões de litros de água por ano pelo spray da atmosfera. É o que sustenta o regime de chuva do Centro-Oeste e do Sudeste. Essa água é o que sustenta, hoje, um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira, que é o agronegócio. O agronegócio brasileiro depende fundamentalmente, visceralmente, mortalmente, da água transferida pela Amazônia.”
Informações do A Tarde