Bebidas envasadas em garrafas de vidro apresentam maior concentração de microplásticos do que aquelas comercializadas em embalagens plásticas, segundo pesquisa da Universidade Livre de Amsterdã.
O levantamento analisou desde águas engarrafadas até refrigerantes e revelou que, apesar de sua reputação ecológica, o vidro pode não ser tão inofensivo quanto se pensava. Mais de 600 partículas por litro foram detectadas em garrafas de vidro, contra cerca de 100 por litro nas embalagens plásticas. Os microplásticos mais encontrados foram náilon e polipropileno, ambos amplamente utilizados em processos industriais.
A pesquisa aponta que a contaminação não está ligada apenas ao tipo de material, mas também aos processos industriais de envase, transporte e armazenamento. Em muitos casos, garrafas de vidro são reutilizadas diversas vezes, o que, aliado ao desgaste durante a lavagem industrial, pode liberar partículas microscópicas para o líquido.
Os efeitos da ingestão contínua de microplásticos ainda não são totalmente conhecidos, mas há indícios de que possam causar reações inflamatórias, toxicidade celular e interferências hormonais. Especialistas alertam que o risco está na exposição repetida e prolongada, e que os impactos podem levar anos para serem plenamente identificados.
Os autores do estudo defendem que a indústria e os órgãos reguladores ampliem as pesquisas e estabeleçam normas específicas para controlar a presença dessas partículas em alimentos e bebidas. Também ressaltam que embalagens tidas como “sustentáveis” devem passar por rigorosas avaliações técnicas antes de receberem esse rótulo.
Para os consumidores, a recomendação é cobrar mais transparência sobre a composição dos produtos e apoiar empresas comprometidas com práticas realmente seguras, repensando hábitos e preferências de consumo para reduzir a exposição a essas partículas invisíveis, mas potencialmente nocivas.
Informações do Correio*