Crédito: João Valério / Governo de SP / Divulgação CP
Associações do setor de bebidas e alimentação estão se unindo para enfrentar o avanço das falsificações no mercado brasileiro. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em parceria com entidades que representam fabricantes e importadores, como a ABBD e a Abrabe, iniciou uma série de treinamentos gratuitos voltados a donos e funcionários de bares, restaurantes e distribuidoras. O objetivo é capacitar profissionais para reconhecer sinais de adulteração em bebidas e, assim, evitar riscos à saúde dos consumidores e prejuízos aos estabelecimentos.
Durante os cursos, os participantes aprendem a observar detalhes que podem indicar falsificação, como tampas com acabamento irregular, lacres plásticos sobrepostos, diferenças no nível de enchimento entre garrafas da mesma marca, presença de impurezas e erros de grafia nos rótulos. Também é destacada a importância de verificar o selo fiscal — que deve conter holografia e exibir apenas uma letra por vez (R, F ou B) — e de adquirir produtos apenas de fornecedores confiáveis, sempre exigindo nota fiscal e checando sua autenticidade junto à Receita Federal.
O alerta é urgente. De acordo com levantamento da Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (FHORESP), cerca de 36% das bebidas comercializadas no país são falsas, adulteradas ou contrabandeadas. Além de causar sérios riscos à saúde, como casos recentes de intoxicação por metanol, essa prática afeta o mercado formal, gera concorrência desleal e reduz a arrecadação de impostos. As bebidas ilegais chegam a ser vendidas até 48% mais baratas que as originais, diferença explicada pela alta carga tributária e pela impunidade que ainda marca o setor.
As entidades também lembram que os estabelecimentos que compram produtos de origem duvidosa podem ser responsabilizados criminalmente. Por isso, a conscientização e a qualificação são vistas como as principais ferramentas para proteger tanto os negócios quanto os consumidores. Em um momento em que aumentam os registros de apreensão de bebidas adulteradas, especialmente em São Paulo, as ações de treinamento ganham importância nacional e buscam criar uma cultura permanente de fiscalização e cuidado dentro do setor.