A Bahia alcançou um marco inédito na produção de ovos de galinha em 2024. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado produziu 88,5 milhões de dúzias — o maior volume registrado em 24 anos. O crescimento de 7,4% em relação a 2023 tem como principal polo a região de Feira de Santana, responsável por mais da metade da produção estadual.
No município vizinho de São Gonçalo dos Campos, a trajetória da família Cerqueira ilustra a força do setor. Com mais de 20 anos de experiência, o produtor rural Manuel Cerqueira mantém um plantel de 9 mil galinhas, que chega a produzir cerca de 7.100 ovos por dia. “Comecei com um aviário pequeno. Com o tempo, fui crescendo, e hoje toda a minha família vive disso”, relatou em entrevista a uma emissora de TV baiana.
Com uma equipe de 11 funcionários, a granja investe em infraestrutura moderna, incluindo sistemas de ventilação controlada e climatização, considerados essenciais para manter a produtividade. O médico veterinário Jair Ribeiro destaca os desafios do clima quente na região: “Sem climatização, a galinha come menos e bebe mais água, o que reduz a produção e enfraquece a casca dos ovos”.
A região de Feira de Santana é considerada o principal polo avícola do estado, reunindo 11 municípios responsáveis por 53% da produção. Segundo a presidente da Associação Baiana de Avicultura (ABA), Kerley Santos, esse avanço é fruto da dedicação de pequenos produtores que investiram em conhecimento técnico e infraestrutura. “Antes, buscávamos pintinhos em outros estados. Hoje, temos estrutura própria e somos referência”, diz.
Atualmente, a Bahia possui 559 estabelecimentos registrados na avicultura: 33 voltados à produção de ovos e 526 ao frango de corte. Por mês, cerca de 16 milhões de pintinhos são alojados, gerando cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos.
Apesar do avanço, a Bahia ainda importa parte dos ovos que consome. No passado, 80% vinham de fora. Agora, esse número caiu para 50%. “Melhoramos muito, mas ainda temos um longo caminho pela frente”, destaca Kerley.
Desafios e perspectivas
Mesmo com o desempenho positivo, o setor enfrenta desafios, principalmente com o aumento no custo dos insumos. O milho, base da alimentação das aves, teve alta significativa, impactando diretamente no preço final dos ovos. “Não é só o ovo que encarece, mas todo o processo. O frete, as enzimas e até as embalagens importadas influenciam no custo”, pontua Kerley Santos.
Além dos ovos, o abate de frangos também cresceu em 2024: foram 130,9 milhões de animais abatidos, um aumento de 1,8% em relação ao ano anterior. O cenário indica que, mesmo diante de obstáculos, a avicultura baiana segue em franca expansão, impulsionada por inovação, trabalho familiar e vontade de crescer.
Informações do Tribuna da Bahia