A Advocacia-Geral da União (AGU) firmou um acordo de indenização por danos morais com a família do jornalista Vladimir Herzog, assassinado durante a ditadura militar. O ato contou com a presença de ex-presos políticos e simbolizou um reconhecimento oficial da responsabilidade do Estado.
O acordo prevê o pagamento de R$ 3 milhões, incluindo valores retroativos da reparação econômica concedida à viúva Clarice Herzog, além da manutenção das prestações mensais. Para o filho do jornalista, Ivo Herzog, a medida representa uma ruptura com a postura histórica da AGU, que, segundo ele, em outros momentos tratou o caso com insensibilidade. Ele lembrou que sua mãe foi constrangida ao depor na Corte Interamericana de Direitos Humanos, diante da postura hostil da instituição na época.
Segundo Ivo, o acordo simboliza o nascimento de uma nova AGU: mais democrática, humana e alinhada com os princípios que nortearam a luta de seu pai e de tantos outros pela democracia.
Durante a cerimônia, também foi defendida a revisão da Lei da Anistia, apontada como um obstáculo à responsabilização de torturadores e agentes envolvidos em crimes da ditadura. Ivo alertou para o uso distorcido do conceito de anistia por grupos que tentaram abalar a democracia recentemente, e cobrou do STF uma decisão sobre o tema.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, destacou que a reparação tem um significado coletivo: restaurar a confiança da sociedade no Estado brasileiro, historicamente marcado por episódios de violência institucional.
Relembre o caso
Vladimir Herzog foi torturado e assassinado em 1975, nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo. Na época, os militares tentaram forjar um suicídio, versão desmontada por imagens do corpo do jornalista e por investigações posteriores. Seu assassinato gerou ampla comoção nacional, culminando em uma histórica missa de 7º dia na Catedral da Sé, que reuniu milhares de pessoas em protesto pacífico contra a ditadura.
Além de jornalista, Herzog foi professor, filósofo, amante do cinema e atuou em diversos veículos de comunicação, como a TV Cultura, onde era diretor de jornalismo, o jornal Opinião, a TV Excelsior e a BBC de Londres. Seu legado permanece vivo na luta por memória, verdade e justiça.
Informações da Agência Brasil