Novas formas de trabalho, metas cada vez mais difíceis de serem atingidas e mudanças nas relações sociais têm levado a um aumento preocupante nos afastamentos do trabalho por questões de saúde mental na Bahia.
A concessão de benefícios previdenciários por doenças mentais passou de 5.020 para 15.189. Segundo especialistas, fatores como plataformização dos ambientes de trabalho, uso da tecnologia e teletrabalho têm facilitado a vida das pessoas, mas também contribuído para o adoecimento e aumento dos afastamentos.
O afastamento é, geralmente, a última medida nesses casos, após outras tentativas de manejo. A convivência e pressões sociais, incluindo assédios e metas de trabalho, têm exacerbado o sofrimento dos profissionais.
As profissões mais afetadas são: bancos múltiplos, administração pública e atividades de atendimento hospitalar. A facilidade de acessar benefícios de afastamento, especialmente com sistemas que permitem envio remoto de atestados médicos, também contribuiu para o aumento dos registros.
Transtornos de ansiedade, reações ao estresse grave e episódios depressivos são os principais motivos de afastamentos acidentários relacionados à saúde mental. O burnout, embora não considerado estritamente uma doença, indica descompasso entre demandas e capacidade de lidar com elas, frequentemente antecedendo problemas de saúde mental.
Cada pessoa reage de maneira diferente às pressões do ambiente de trabalho, influenciada por sua história pessoal e contextos familiares.
No setor bancário, por exemplo, metas excessivas e competitividade intensificada por tecnologias e inteligência artificial aumentam o risco de adoecimento psíquico.
O atendimento clínico, incluindo psicoterapia, mudanças de hábitos e, em alguns casos, medicação, é fundamental. Exames ocupacionais periódicos podem identificar precocemente a necessidade de intervenção. Empresas devem rever estressores e riscos ocupacionais, garantindo acolhimento adequado quando o trabalhador retorna após afastamento.
O Ministério Público do Trabalho tem instaurado inquéritos e ações judiciais para investigar ambientes de trabalho com adoecimento. Novas normas e leis obrigam empregadores a combater assédio moral e adotar medidas preventivas para proteger a saúde mental dos trabalhadores.
Um ambiente assediador favorece o adoecimento, e mesmo o teletrabalho pode se tornar um fator de risco se não houver atenção à ergonomia, separação de jornada e limites de saúde.
Informações do Correio*