do iG Brasil
Aplicativos que prometiam facilitar a vida dos consumidores e gerar uma renda extra provocaram a ira daqueles que se sentiram ameaçados pela concorrência, avaliada como desleal. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, o Uber virou o queridinho da geração que faz tudo via app e que abraçou a opção de uma espécie de táxi com preço de 15% a 25% mais barato, mas cujo serviço não tem regulamentação. Por diversas vezes, as duas capitais tiveram manifestações, bloqueio de vias e brigas violentas entre taxistas e motoristas de Uber. Em ambas cidades, a guerra foi parar na câmara de vereadores e prefeituras.
Mas que mal tão terrível a economia colaborativa causa que deixa irados setores, empresas e trabalhadores como taxistas? Simples: seus serviços têm taxas menores e oferecem, como diferencial, um nível de atenção e qualidade acima do que um atendente de telemarketing ou um taxista ranziza proporcionam. (É claro que a maioria dos taxistas é cordial e educada, mas a má experiência é utilizada como ferramenta de atração dos novos serviços e se surge uma alternativa por que não tentar?)
“Parece que estamos vivendo uma nova fase do Ludismo. Estamos ateando fogo em tudo que pode trazer melhorias. O Brasil precisa ter um projeto como nação para a inovação. Não podemos mais colocar fogo nos maquinários porque não queremos perder nossos empregos. O tempo mostra que esse tipo de ação é estéril”, avalia Gil Giardelli, professor do Centro de Inovação e Criativiade da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Segundo o “Novíssimo Dicionário de Economia”, o Ludismo foi um movimento ocorrido no século 19 (meados de 1812) no qual grupos de operários ingleses destruíam as máquinas introduzidas na indústria têxtil para impedir a perda de empregos. “Imaginem se vivêssemos sem máquinas até hoje. Onde estaríamos?”, questiona o professor.
Para Giardelli, o País vive uma fase de antagonismos. “Vejo esse nosso momento com uma fase derivada das eleições, de uma lógica do olho por olho. Isso está fazendo mal para a sociedade. A economia compartilhada só prevalece onde um confia no outro. A corrupção que vivemos hoje nos gera uma sociedade sob desconfiança. Esse é o pior cenário para não florescer a economia compartilhada. É preciso dar um passo em frente. As eleições acabaram.” Giardelli classifica que 2015 foi um ano de retrocesso. “Passamos a ser uma pequena colônia.”