A empresa americana Uber, a mais conhecida entre os aplicativos de transporte individual de passageiros, tem perdido motoristas em São Paulo. Os condutores falam em “decepção” diante do retorno financeiro esperado, acusam a empresa de fazer pressão psicológica e se queixam de horas excessivas de trabalho. O Uber afirma que são eles que o contratam, e não o contrário.
O motorista Amauri Antônio Pereira, de 52 anos, usou o aplicativo por um ano, antes de desistir. Hoje, voltou a trabalhar com carretas. “É pura ilusão. O Uber engana o trabalhador. Promete que você vai ganhar R$ 7 mil, então você se mata, trabalha 12 horas por dia e não ganha R$ 3 mil”, diz. “Se dependesse disso, estava passando fome.” Já Marcelo Eduardo de Sousa, de 41, aguentou bem menos: só duas semanas. “Meu propósito era tirar R$ 250 por dia. Não passei da metade”, afirma. “Ficar dependendo do Uber traz sérios danos para a sua vida financeira e pessoal. Não volto nunca mais.”
Motoristas relatam que o número de colegas decepcionados é cada vez maior. Segundo afirmam, o principal motivo de desistência é financeiro. “Na minha melhor semana, consegui R$ 900. Só o custo com manutenção do carro e combustível é de R$ 500. E ainda tem os 25% que ficam com o Uber”, diz o motoboy Fabiano Andrade, de 42. Ele conta que ficou cinco meses no serviço. “Só gerou desgaste físico e débito. É desumano.”