Com a chegada da Quaresma, é hábito de muitos católicos aumentar o consumo de pescados (e evitar as carnes vermelhas) durante os pouco mais de 40 dias que antecedem o período pós Carnaval e a Semana Santa – que este ano acontece entre os dias 20 e 27 de março. Contudo, muitos consumidores já estão sentindo no bolso o preço de alguns peixes e já imaginam uma ceia mais cara.O vermelho, que é um peixe de água doce e um dos mais consumidos neste período, chegou a ter uma diferença de preço de 30% entre os locais pesquisados pela reportagem da Tribuna da Bahia.
A alta no dólar também fez com alguns pescados como o salmão e o bacalhau tivessem os preços elevados. De acordo com alguns comerciantes, enquanto o primeiro produto teve um aumento no preço de 76%, o segundo teve um acréscimo de 100% de 2015 para cá.Mesmo assim, os vendedores esperam um aumento nas vendas de 10% em relação ao ano passado. É o caso de João Nunes, gerente de uma peixaria que fica no Mercado do Rio Vermelho (antiga Ceasinha). No estabelecimento, os peixes mais procurados são a pescada amarela (R$ 38, a posta), robalo e badejo (ambos a R$ 46, o pescado inteiro), além do Vermelho (R$ 36, o quilo).
Outro item que também é bastante consumido durante a Quaresma, o camarão é vendido no local a R$ 29,90, o quilo (tamanho médio) e R$ 35, o quilo (tamanho grande).“O preço do vermelho está assim por conta do período do defeso (quando a pesca é proibida). Já tanto o robalo quanto o badejo são considerados peixes de primeira qualidade e sempre foram mais caros. Acho que teremos melhoria nas vendas por conta da nossa fiel clientela e das facilidades que eles têm ao chegar aqui”, disse Nunes.
Para quem não pensa em gastar tanto, ele dá opções alguns peixes como a corvina (R$ 16, o quilo), a arraia (R$ 15, o quilo) e a sardinha (R$ 19, o quilo).Para os consumidores, os preços, de fato, estão mais “salgados”. Mas eles acreditam que é melhor comprar os produtos agora por que já imaginam que, com a proximidade da Semana Santa, os preços fiquem ainda mais altos. “Eu estou levando para conservar no congelador. Tudo para manter a tradição. Mas é um absurdo”, disse a professora Gisélia Paulinia, que comprou quatro vermelhos por R$ 100. Além disso, ela estava em busca de caranguejos e sururu para levar para a cidade natal dela, Juazeiro, no norte do estado.Movimento ainda é tranquiloEm outro ponto tradicional da venda de pescados, o Mercado do Peixe, que fica na Cidade Baixa, o movimento de consumidores na manhã de ontem foi tranqüilo. Dentre os peixes preferidos dos consumidores estavam o robalo, o vermelho e a pescada amarela. Mesmo assim, teve gente que reclamou dos preços praticados pelos vendedores antes e depois do carnaval. “Eu estive aqui e comprei produtos cerca de 15% mais baratos. Antes da festa, comprei aqui um robalo por R$ 25 e agora está a R$ 30. Isso sem contar a qualidade que não está lá essas coisas”, disse a aposentada, Antônia Nascimento.Há pouco mais de 10 dias, ela havia comprado camarão por R$ 30. Agora, o fruto do mar saia a R$ 35, o quilo. “E isso por que eu vou consumir de forma imediata. Ainda voltou aqui antes da Semana Santa para comprar mais. Mas, já sei que vou encontrar os preços mais caros. Toda a vez a situação é essa”, reclamou Antônia. Já a dona de casa, Amélia Dias, diz que pretende manter a tradição mesmo com a alta dos valores. “O que vai acontecer agora é que terei de abrir mão de um peixe de maior qualidade por um mais barato”, resumiu.