do Correio*
“Passe R$ 600. Receba R$ 500”. Uma rápida passagem pelas ruas da capital baiana é suficiente para ver centenas de cartazes anunciando empréstimos fáceis através do cartão de crédito. Na Garibaldi, por exemplo, em 200 postes o CORREIO viu mais de 150 cartazes.
Por trás da facilidade para obter um dinheiro que aparentemente ajuda a aliviar as contas do mês escondem-se armadilhas que podem dar o empurrãozinho final em quem está à beira do abismo das dívidas.
Além de ser crime – já que a operação simula a venda de um produto ou serviço, mas entrega dinheiro sem autorização do Banco Central e sem recolher os devidos tributos –, o crédito fácil tem comissões que ultrapassam 20% – mais do que os juros em várias operações convencionais, como cheque especial, ou consignado.
Sem se identificar, a reportagem entrou em contato com três operadores do novo modo de agiotagem em Salvador. A operação é simples: basta ter um cartão de crédito e passar determinado valor na maquininha. Na mesma hora, a pessoa sai dali com o dinheiro vivo, coisa que dificilmente acontece em outras modalidades de crédito.
A comissão paga pelo serviço, entretanto, em algumas situações ultrapassa 20%. “Se você quer R$ 500, passa R$ 600 em uma vez na minha maquininha ou R$ 620 em duas vezes e R$ 650 em três vezes. É como uma compra, só que o produto é o dinheiro”, explicou um operador do esquema, acrescentando que o teto do empréstimo depende apenas do limite do cartão do consumidor.