Depois que um acidente de ônibus na avenida Av. Vasco da Gama, na noite desta quarta-feira (23), afetou a transmissão de energia elétrica que alimenta a estação de condicionamento da Embasa, no Lucaia, mais de 60% do esgoto da capital que seria tratado pela concessionária e que deveria ser bombeado para o emissário submarino do Rio Vermelho está sendo lançado diretamente no mar.
Sem energia, o processo de tratamento de resíduos está incompleto. A Embasa está fazendo o gradeamento do esgoto, que não retém os resíduos sólidos mais finos. “Tudo de pior que poderia acontecer, aconteceu”, afirmou Júlio Mota, superintendente de esgotamento da Embasa em Salvador e Região Metropolitana.
O esgoto está sendo arremessado no Rio Lucaia e chegando à praia do Rio Vermelho na foz que fica ao lado da Colônia de Pescadores do Largo da Mariquita e do Mercado do Peixe do Rio Vermelho. “99% desse material é água, somente 1% do material é sólido, que uma parte é carga orgânica e a outra parte são os patogênicos (que podem transmitir doenças)”, detalha o analista de saneamento da Embasa.
O desastre ambiental já é visível. Uma macha escura se formou no mar do Rio Vermelho, que está sendo palco da apresentação A Paixão de Cristo. O mau cheiro só é atenuado pelo forte vento que sopra no bairro. O geógrafo Eliezer Almeida, 49 anos, conta que passava no bairro quando sentiu o fedor.
Ele parou para registrar com o celular e enviar para os amigos. “Precisa ver de quem é a responsabilidade, tem que haver um plano (de emergência), independente do problema que teve na Vasco da Gama”. Eliezer conta que se assustou com o volume de esgoto sendo despejado. “Dizem que o rio corre pro mar, aqui é o esgoto que corre para o mar, dá para usar um caiaque aqui de tanto esgoto”, ironizou.
Fonte: Correio*