Um clima de consternação deve marcar o Complexo da Ford em Camaçari (BA), na Região Metropolitana de Salvador (RMS), nesta segunda-feira (14). Todavia, dos dois mil metalúrgicos que entrariam em lay off (ou suspensão temporária do contrato de trabalho), conforme anunciado pela Ford desde o final do ano passado, a medida alcançará somente 900 trabalhadores. São 746 da montadora e 154 das fabricantes de auto peças.
A redução no número de operários que seria atingido pela medida foi obtida através de acordo firmado entre o Sindicato dos Metalúrgicos do município e a multinacional.O documento foi protocolado no final da tarde da última sexta-feira (11) junto à Justiça do Trabalho. A medida envolve a extinção do terceiro turno e tem validade de cinco meses prorrogáveis por mais cinco. Em nota encaminhada à Tribuna, contudo, a assessoria de Comunicação da Ford ainda informava com base em números do acordo firmado anteriormente.
O comunicado diz que “a empresa irá implementar a suspensão temporária do contrato de trabalho (lay-off) de cerca de 1.100 funcionários, após utilizar todas as ferramentas possíveis para tratar do excedente da força de trabalho decorrente do fechamento do turno da noite da unidade de Camaçari”. De acordo com o presidente do Sindicato, Júlio Bonfim, dos 1.100 trabalhadores que seriam alcançados na segunda cota estipulada pela empresa, 440 aderiram ao PDV-Plano de Demissão Voluntária e 660 foram remanejados para os dois turnos de trabalho.
Segundo Bonfim, a medida decorre da “queda de vendas no mercado de automóveis”. Ele avaliou, no entanto, que “qualquer variação positiva no mercado levará a Ford a reativar o turno noturno com o retorno dos metalúrgicos afastados”. A perspectiva dele é de que haja retomada das vendas “até o final do ano”.O sindicalista ressaltou o acréscimo nas vendas para a Argentina e outros países da América Latina, conforme verificado em fevereiro, como uma “sinalização importante de reação nos mercados explorados pela empresa”. De todo modo, “mesmo que o cenário permaneça ruim, em agosto ou ao final dos 10 meses do lay off, em janeiro de 2017, o acordo voltará a ser negociado com a Ford”. Júlio Bonfim disse que na negociação ficou acertado que não haverá demissões.